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terça-feira, 30 de agosto de 2011

A vida na "Terra do Lixo" captada pelo fotográfo José Ferreira

Por Emily Wither, CNN

Para algumas pessoas que vivem na cidade de Maputo, o lixo dos outros é o ganho pão para a sua sobrevivência.

O conceituado fotográfo português José Ferreira, residente em Maputo, viajou para as profundezas da Lixeira de Hulene, onde capturou a crua realidade da vida na “Terra do Lixo”.

Ferreira diz que o que mais o impressionou foi que, apesar das dificuldades, descobriu as “melhores pessoas” que jamais conheceu.

“Apesar de todas as circunstâncias em que vivem, continuam a mostar a sua amabilidade, felicidade e hospitalidade”, comentou. “Não encontramos estas qualidades humanas em muitos lugares do mundo”.

Ferreira explica que conheceu dois tipos de pessoas naquela lixeira: os indigentes e os “recolectores de lixo”. “Muitos dos que ali vivem dependem do lixo para sobreviver, alguns procuram comida e outros diferentes tipos de materiais para reciclar e que vendem em fábricas”, acrescentou.

“O dinheiro que eles ganham por tudo o que apanham não é suficiente, mas é alguma coisa e por isso, continuam ali para recolectar mais lixo para voltar a vender”.

Alguns relatórios estimam que o número de habitantes da Lixeira do Hulene ronda os 700. A lixeira está situada numa zona densamente povoada e cobre uma área de 17 hectares. É a única destinada a detritos sólidos em Maputo, uma cidade com mais de um milhão de habitantes. Os montes de lixo alcançam uma altura de 15 metros, de acordo com um relatório do Conselho Municipal de Maputo.

Ferreira diz que não tem uma fotografía favorita. Mas há uma imagem que afirma ter sido a mais difícil de fotografar.

“A mais difícil de presenciar foi quando duas mulheres estavam a comer a cabeça crua de um cão morto já a apodrecer”.

Há muito que a lixeira foi destinada a encerrar, mas até agora permanece aberta.

Depois de passar algum tempo em Hulene, Ferreira diz que “o maior erro que as pessoas podem cometer é pensar que não há lugar para a vergonha para aqueles que são forçados a viver do lixo dos outros”.

"É uma vergonha muito mais legítima do que qualquer outra porque para a maioria deles nunca houve uma escolha", disse ele.

Para Ferreira, as suas experiências tê-lo-ào ensinado a apreciar mais a vida.

"A vida que perdemos todos os dias, porque queremos uma vida melhor, ou porque nunca estamos satisfeitos com ela, é a vida que muitos desejam e por ela suspiram e dão tudo por tê-la".

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