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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Alexandre Chaúque confunde-se com pintor - Pedro Chissano na apresentação do livro “Bitonga Blues”

“Alexandre Chaúque confunde-se com um artista plástico. Tira as palavras como pensa e as põe no papel. Ao pintar nos anuários emprega sempre textos e cartas. Tem um defeito que é bom. Ele comunica-se com as pessoas com cartas. Se calhar é um pintor anónimo”.

Estas palavras são do escritor Pedro Chissano proferidas na apresentação do livro de crónicas “Bitonga Blues” do jornalista e escritor Alexandre Chaúque. “Bitonga Blues”, lançado sexta-feira passada (12) na Casa de Cultura da cidade de Inhambane, é o segundo livro do autor, depois de em 2002 ter estreado com “Inhambane Sem Badalo”.

Para Pedro Chissano, o autor de “Bitonga Blues” tem um segmento identitário porque sempre tem a sua terra, Inhambane, sempre presente e transporta a crença divina e ainda nutre um amor expresso pelos seus ídolos.

“Alexandre Chaúque é um homem de livros e de jornais e de música, que quis, hoje, trazer uma importante prenda ao quinquagésimo aniversário da elevação de Inhambane à categoria da cidade”, expressou Chissano.

Com este seu segundo livro, que retrata parte das crónicas publicadas em vários jornais por onde tem estado a passar nesta sua vida de andarilho dos órgãos de comunicação social, Chaúque expressa ainda mais a qualidade de um brilhante cronista, sublinha Pedro Chissano.

É ele quem nos diz que a ida de uma caravana da AEMO para Inhambane, foi feita com orgulho porque não só pretendiam testemunhar o lançamento de “Bitonga Blues” como também a viagem serviu de pretexto para obsequiar a “Terra de Boa Gente” pelo seu aniversário, ao mesmo tempo que aquele ponto do país era revisitado por um dos mais prestigiados filhos daquela terra que tanto a quer e que tanto a ama.

“Este homem de jornais e de letras, Alexandre Chaúque estreou-se em livros em 2002 com o livro, “Inhambane sem Badalo” e hoje quis celebrar a festa da sua cidade de origem, com o lançamento do seu segundo livro “Bitonga Blues” junto dos conterrâneos e amigos num acto demonstrativo de amor da terra que o viu a nascer”, sublinhou Chissano, também homem de letras e de fino discurso.

Um movimento cultural desusado caracterizou a cerimónia do lançamento de “Bitonga Blues” e da festa da capital provincial de Inhambane.

Para além da leitura de algumas crónicas patentes na obra de Chaúque, a Casa de Cultura de Inhambane foi palco de um desfile de moda, declamação de poesias, exibição de peças teatrais, entre outras actividades culturais.

Entretanto um dos momentos marcantes deu-se quando o jovem escritor, Leo Sidónio, escolheu e leu a crónica “Homem baleado parecia um dançarino de mapiko”, um dos textos do livro para dar aquilo que chamou de um cheirinho de “Bitonga Blues”.

Sangare Okapi, como que a sustentar as palavras de Pedro Chissano na apresentação do livro, escolheu “Olá Biti, akuvava minha maconde maluca “, uma carta que o escritor escreve para uma amiga que conheceu no distrito de Mueda, província de Cabo Delgado.

Familiares, amigos, alguns dos quais de infância, artistas, académicos e demais admiradores não quiseram perder a ímpar oportunidade de ver e ou rever Alexandre Chaúque, apresentando mais uma obra sua.

Ao usar da palavra, o autor do livro foi um homem de poucas palavras. Apenas disse que “Bitonga Blues” era dedicado ao seu filho Abebe, que perdeu a vida em Julho, vítima de acidente de viação na província da Zambézia, onde se encontrava a trabalhar.

Acompanhado pelo secretário-geral da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), Jorge de Oliveira, e ainda pelos escritores Aurélio Furdela, Leo Sidónio e Sangare Okapi, bem como alguns jornalistas que compunham a delegação, a direcção da agremiação dos escritores aproveitou a oportunidade para promover mais uma edição do programa “Jornadas Literárias”, tendo oferecido livros de escritores moçambicanos a instituições de ensino secundário no país.

In Caderno Cultural (jornalnoticias.co.mz)

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