RÁDIO MOÇAMBIQUE

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

National Geographic apresenta em Maputo documentário sobre Parque Nacional da Gorongosa

Moçambique quer recuperar para o Parque Nacional da Gorongosa (PNG) o estatuto de um dos melhores de África, garantiu o ministro do Turismo, no dia em que foi apresentado um documentário sobre o local, da National Geographic.

Com estreia para Janeiro nos EUA e em Março no resto do mundo, "Gorongosa National Park Africa´s Lost Éden" teve a sua ante-estreia no dia 15 em Maputo, numa cerimónia com direito a discursos e promessas de que o PNG voltará ao que era antes da guerra civil, causadora da morte da esmagadora maioria da fauna.

"Com este filme, Moçambique passa a dispor de mais um valioso instrumento de promoção nacional", frisou o ministro, Fernando Sumbana, salientando que se trata de um documentário de 50 minutos onde surgem 54 ecossistemas distintos e a vida dos diferentes habitantes do parque em várias épocas do ano.

O documentário da National Geographic começa no final da época das chuvas (Março/Abril) e lembra que aquele que já foi considerado dos melhores parques de África sofreu uma verdadeira carnificina, durante a guerra civil do país.

Recorda, por exemplo, que dos 14.000 mil búfalos restaram 15, que das 13.000 zebras restaram cinco e que dos 500 leões ficaram seis, e mostra a colaboração entre o Kruger Park, da África do Sul, que tem estado a oferecer elefantes, tanto mais que a sua população actual de 13.000 é excessiva.

O documentário mostra mesmo a captura de um deles no Kruger e o seu transporte para o PNG, onde acaba por ser morto por caçadores furtivos, um dos problemas com que o PNG tem também de se debater.

Os elefantes, os hipopótamos e os crocodilos são as "estrelas" do documentário, filmados também na época seca e depois no regresso das chuvas, em Dezembro.

A Gorongosa é "um dos lugares mais bonitos de África e um dos mais importantes em termos de biodiversidade", disse Greg Carr, presidente da Fundação Carr, que está a gerir o Parque, mediante um acordo com o governo de Moçambique.

O responsável garantiu que a fauna e flora do PNG têm vindo a "recuperar muito bem" e desejou que depois da projecção do filme "turistas de todo o mundo venham visitar Moçambique", lembrando ainda que a direcção do Parque tem vindo a ajudar as comunidades locais, quer através de emprego e construção de infra-estruturas quer através de distribuição de parte dos lucros.

As filmagens de "Gorongosa National Park Africa´s Lost Éden" decorreram entre Janeiro de 2008 e Maio de 2009.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Cascatas da Namaacha: sete anos depois da seca

As chuvas intermitentes que se abateram sobre alguns distritos do sul de Moçambique, entre eles o da Namaacha, foram suficientes para reavivar o curso de água que alimenta aquelas cascatas, para delícia dos residentes da vila-sede do distrito e dos visitantes provenientes das cidades de Maputo e Matola.

Situadas a escassos quilométros das linhas de fronteira que separam Moçambique, África do Sul e Swazilândia, as cascatas da Namaacha são um potencial turístico adormecido que, ao que consta, vão poder beneficiar de um projecto de exploração. Irá ser lançado um concurso público para os interessados, sabendo-se desde já que as autoridades ligadas as estradas e pontes prontificaram-se a reabilitar a muito degrada estrada serpenteada que da acesso ao local.

As várias piscinas formadas entre as rochas a jusante das cascatas estão já a ser disputadas pela criançada, sob o olhar atento dos mais velhos. Jovens namorados, muitos deles estudantes de ferias, tomaram conta daquelas piscinas, sobretudo nos dias e horas de menor movimento.

As fotografias por mim registadas, ilustram a beleza do local. Está convidado a visitar as Cascatas da Namaacha.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Matias Mboa: “A luta pela independência foi uma escola”, afirma autor de um livro sobre a epopeia libertadora

“Memórias da Luta Clandestina” é o mais recente livro de um combatente pela independência de Moçambique a ser lançado no país, num acto que teve lugar ontem em Maputo.

O seu autor é o ex-preso político Matias Mboa, líder da 4ª Região Militar da luta armada de libertação nacional (operando no sul do país), que foi preso pela polícia política portuguesa, PIDE, em 1964, e acabou nas celas da cadeia da Machava.

O lançamento desta obra contou com a presença do Presidente da República, Armando Guebuza, também ele veterano da guerra que, desencadeada em 1964 pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), viria a culminar com a assinatura dos Acordos de Lusaka (7 de Setembro de 1974) e dando espaço à proclamação da independência nacional em 1975.

Guebuza é, aliás, o autor do prefácio desta obra que ele considera cativante para o leitor a embrenhar-se no passado de heroicidade dos destemidos combatentes pela luta de libertação nacional.

A luta clandestina a que se refere Matias Mboa no seu livro corresponde à forma que caracterizou o engajamento dos moçambicanos pela independência nacional no sul do país.
As outras vertentes desta luta foram o combate militar, levado a cabo no norte e centro do país, e a luta diplomática, que consistia na angariação de apoios junto de nações estrangeiras para a causa dos moçambicanos.

Para o Presidente Guebuza, estes relatos de heroicidade contidos em “Memórias da Luta Clandestina” constituem “importantes referências e fontes de orgulho e de inspiração e fontes de orgulho para continuarmos a enfrentar, com o mesmo sucesso de ontem os desafios do presente e do futuro”.

Por sua vez, o autor, que foi parco em palavras, referiu-se ao modo como foi desenvolvido o combate pela independência como “uma escola”, uma vez que inspirou vários grupos de jovens a abraçar a causa dos moçambicanos nos tenebrosos anos de 1960.

Matias Mboa começa o seu livro com um poema que escreveu durante os tempos que passou na cadeia da Machava. Pelas sevícias por que passou nas mãos da temível PIDE, o ex-preso político refere-se à cadeia da Machava como algo de que se quer esquecer para “apagar as tristes recordações” que teimam em continuar a habitar a sua memória. Todavia, no mesmo poema, o autor refere que essas memória são indeléveis, pelo que delas não se desenvencilha.

Livro “Janelas de Mim” de Miguel César: misto de artes e retratos da sua vida

“Janelas de Mim: desenhos do seu percurso” é o título do livro do escritor, artista plástico e arquitecto Miguel César, lançado nos princípios da noite de ontem no Instituto Camões, em Maputo. A obra comporta 112 páginas e é editada pela Alcance Editores, com o patrocínio da empresa de telefonia móvel mcel.

Ao longo das páginas do “Janelas de Mim” encontramos um misto de artes, a de escrever, relatar suas vivências, assim como retratos da sua vida de pintor.

O livro já se encontra disponível nas livrarias da cidade de Maputo e quase em todo o país, num circuito de distribuição levado a cabo pela Alcance Editores em parceria com a sua rede de parceiros.

A historiadora Alda Costa explica que a primeira impressão face ao conjunto de desenhos que juntou para esta publicação foi a de uma actividade quase não interrompida. Com o auxílio da tinta-da-china, do acrílico, do lápis de cor registou no papel o universo visual do seu percurso de vida, da sua vontade de participar, das memórias de uma geração que abraçou uma causa.

“Os temas são os que, desde muito cedo, o interessaram: a mulher porque, ‘sem a mulher não há país’ ou o corpo e o desejo ou ainda o universo popular, o uso da tradição, a noite, as janelas, cada vez mais janelas. Janelas de todo o tipo povoam o seu trabalho. Porque gosta delas, porque olha através delas, porque o que deseja lhe entra pela janela, porque a sua profissão assim o sugere”, diz a historiadora.

Miguel César dos Anjos Santos nasceu na cidade da Beira, em 1957. É licenciado em Arquitectura e Planeamento Físico e membro fundador das associações Moçambicana do Desenvolvimento Urbano e da de Arquitectos de Moçambique.

Participou em exposições colectivas, tais como a III e IV Exposições Juvenis de Artes Plásticas no Pavilhão dos Desportos na cidade da Beira, em 1972 e 1973, na exposição de pintura e desenho, entre tantas outras.

Na sua apresentação ao autor de “Janelas de Mim”, a historiadora Alda Costa diz: “O desenho e Miguel César dão-se bem”.

Ele pintou vários murais na década de setenta e é ainda autor de muitas capas de livros de escritores moçambicanos, destacando-se Heliodoro Baptista (Por cima de toda a folha); Mia Couto (4 Peças para um Cenário Roído, e Vozes Anoitecidas) e Carlos Serra (para a História da Arte Militar Moçambicana).