RÁDIO MOÇAMBIQUE

RÁDIO MOÇAMBIQUE
CLICA NA IMAGEM. NOTÍCIAS ACTUAIS DO PAÍS

terça-feira, 26 de maio de 2009

Clube dos Entas: uma incursão pela música de Moçambique nos anos 50, 60 e 70

No último programa foi mote para percorrermos, emocionalmente, o caminho seguido pela canção ligeira de Moçambique até à eclosão das primeiras discográficas no país. E não se pense que tenhamos querido dizer com isso que não existissem registos musicais de artistas moçambicanos aqui radicados. São significativas as captações feitas pelo então «Rádio Clube de Moçambique» e, embora não economicamente viáveis, esses registos têm, porém, um valor histórico e cultural incomensurável que o país só tinha muito a ganhar se os editasse em novos e modernos suportes.

Na edição de quinta-feira, 28, vamos prová-lo revisitando-os nos cinquenta e cinco minutos do programa, colocando igualmente a seguinte questão: que caminhos terão percorrido os músicos moçambicanos aqui radicados até saírem do anonimato e serem considerados atractivos aos olhos do mercado do disco? Ou talvez perguntar assim: a partir de que realidade socio-cultural os empresários da especialidade começaram a sentir que havia algo a explorar na canção nacional?

Iremos rodar por exemplo, uma canção captada em 1963 num programa através do qual o «Rádio Clube» pretendeu divulgar aquilo a que, obedecendo aos ditames da colonização mental e psicológica, teimava em chamar de folclore indígena, um eufemismo de linguagem que serviu para classificar a nossa canção como uma realidade puramente contemplativa e sem perfil para atrair o mercado do disco.

Convenhamos que não é fácil aceitar que alguém ache destituída de sentido uma canção que, e tal como acontece em qualquer parte do mundo, os seus intérpretes saúdam a chuva que irrigou a terra em abundância e rejubilam por uma colheita igualmente abundante que se prenuncia, no caso do amendoim – a mazumana. Mas já a linguagem se atenua quando Sidónio Mabombo, solista do grupo coral do «Centro Associativo», se predispõe a interpretar canções tipicamente portuguesas. Mesmo assim, não se coíbe de dizer que o faz num “esforço de linguagem”.

Sintonize o “Clube dos Entas”, quinta-feira, 28, a partir das 22H05, com reposição segunda-feira seguinte as 02H05 da madrugada na frequência 92.3 FM ou no sítio www.rm.co.mz, Antena Nacional da Rádio Moçambique.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Costa Neto no "Clube dos Entas" (*X)

Em outúbro próximo o meu convidado desta quinta-feira, 7, vai completar meio século de vida: 50 anos.

Há cerca de dez anos pois que ingressou no maravilhoso “Clube dos Entas”.
Muitos dos nossos ouvintes conhecem-no, não só porque é filho desta terra mas porque, a partir de lá de fora, produz, reproduz e publica as imagens e os sons do seu país: Moçambique.

O nosso “Enta” de hoje viu o sol pela primeira vez em terras que delimitam o fim do sul de Moçambique: Matutuíne. Enquanto a mãe era talhada para as lides domésticas, o pai abraçou a profissão de orientar os marinheiros, sobretudo nas noites tempestuosas, de maresia, dando-lhe orientação para que não desse à costa errada. O “Velho” era faroleiro na Ponta de Ouro, essa maravilhosa praia na ponta do sul desta que alguém um dia chamou que “Pérola do Índico”.
Estou a falar, caro amigo,de Costa Neto. Músico moçambicano, há pouco mais de vinte anos a residir em Portugal.

Costa Neto, como muitos outros meninos da sua época, sobretudo nas matas de Matutuíne, bebeu e apreendeu do muito do que conhece na música ouvindo o chilrear dos pássaros. Dos xiricos da Catembe ... quem nunca os ouviu, não entende de música. De resto “Catembe” é nome de uma música do mítico Miles Davis.
Encantado com os maravilhosos sons da passarada, dá-se a Costa Neto a oportunidade de imitar e passar aqueles sons da infância para as pautas e instrumentos musicais. Ingressa no seminário... até um dia.

Ao Costa Neto não lhe interessava os hábitos nem as vestes do sacerdócio. Agradeceu a aprendizagem musical e o gosto pelo belo que ela encerra. “Baza”, se assim se pode dizer, para um outro mundo, mais libertino, o mundo das noitadas ao som de guitarras, marracas e congas e... de meninas e boa cerveja. As noitadas do Jiva Mafruta. Na mítica Mafalala, arrebaldes de Maputo, na altura Lourenço Marques.
Aqui dá-se o encontro com aquele que muitos consideram um marco incontornável da música moçambicana, do sul. Estamos a falar de Fani Mpfumo e tantos outros do mesmo quilate.

E como qualquer outro jovem de então, a Mafalala não era o fim do mundo. Nem Fani Mpfumo e outros do bairro eram os únicos na arte musical. Era preciso viver outras experiências, que as havia em outras paragens da cidade de Maputo. De bons executantes, que Costa Neto recorda com certa nostalgia.

De música sacra nada tem a música que Costa Neto produz hoje, embora se reconheça que a sua experiência no acompanhamento das liturgias foi de grande utilidade. Para ele e para os seus companheiros, alguns dos quais continuam na activa e outros não. Chico António é um deles ... o eterno boêmio.

Da igreja, Neto passa para a música ligeira, tocada e dançada cá fora. Por grupos que marcaram a sua época e outros, nem tanto. Mas sempre com belas recordações. O Mbila (aqui com o meu produtor do “Clube dos Entas”, Nassurdine Adamo de seu nome), o ABC, etc, etc,
Ayuwéééé

Recordações de tempos bonitos. Tempos marcados por insuficiências de vária ordem. Entre elas, aquelas que limitavam as capacidades criativas de muitos, com particular incidência entre aqueles que faziam da arte o seu modo de estar e ver o mundo. Uns, conformaram-se, outros nem tanto. Preferiram “dar o fora”, como então se dizia. E o Neto vai para Portugal para uma digressão com os Gorwane... até hoje, passam 21 anos.

Uma carreira que resultou em algumas produções ... produções marcadas pela seriedade, onde não coube a busca cega do sucesso fácil. A última dessas produções é “Protótipos”, que Costa Neto considera uma sugestão algo intimista... “difícil de ouvir”.

E para os tempos que vêm aí... marcados por muitas incertezas em todas as áreas de labor... os sonhos, os projectos de vida, no meio deste cenário, têm oportunidade de se concretizar? ...
Costa Neto não sabe...
Costa Neto não arrisca nada...

De uma coisa ele se orgulha: o de ser “positivo” em tudo o que faz, em tudo o que pretende fazer... o que não lhe impende de olhar o que os outros fazem, reconhecendo-lhes mérito quando o merecem, mas criticando o que se lhe afigura a falta de auto-estima entre os seus contemporrâneos e ... conterrâneos...

(*) Texto adaptado do programa radiofónico "Clube dos Entas", da Rádio Moçambique, que pode ser ouvido esta quinta-feira, 7, no FM 92.3.

Bob Dylan pode formar parceria com Paul McCartney

O cantor Bob Dylan poderá formar uma parceria com uma das maiores lendas do rock: Sir Paul McCartney. Em entrevista para a revista "Rolling Stone" americana - onde mereceu a capa pela 15ª vez - o ícone do folk afirma que acharia "excitante" uma colaboração com o ex-Beatle. "Para isso, os nossos caminhos têm que se cruzar para que algo faça sentido", ponderou.

E se da parte de Dylan a parceria é bem-vinda, da parte de McCartney não restam muitas dúvidas. O cantor britânico já manifestou a sua enorme admiração por Dylan, a quem certa vez chamou de "gênio", acrescentando que o considera seu parceiro ideal para um dueto.

Na revista, Dylan também fala sobre o seu novo trabalho, "Together Through Life", o 33º álbum de estúdio da sua carreira. "A minha banda toca um tipo diferente de música que ninguém toca", diz o músico. "Tocamos ritmos distintos que nenhuma outra banda consegue tocar. Muitas das minhas músicas que foram rearranjadas a tal ponto que eu mesmo perco o caminho delas".