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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Bob Dylan, 70 Anos: com “Mozambique” no coração

Terça-feira, dia 24, foi o dia de Robert Allen Zimmerman, que é como quem diz de Bob Dylan. O músico revolucionário que tem acompanhado várias gerações fez 70 anos. A sua música, essa não tem tempo nem data, veio para ficar.

Discreto e revolucionário, músico e poeta, Bob Dylan é isto e muito mais. É um artista intemporal que ganhou o seu lugar na memória colectiva de todos e em todo o lado. Dos Estados Unidos, terra onde nasceu, a Moçambique, onde tem alguns fãs, passando pela China onde actuou pela primeira vez este ano.

Em várias ocasiões, Bob Dylan já explicou que as suas canções “não são sermões” mas apenas um reflexo da realidade por si observada. “Não sou o porta-voz de ninguém”, garantiu o músico.

Em em 1976 lançou o álbum “Desire”, onde pode ser ouvida a canção “Mozambique”, cuja letra transcrevemos.

Eu gosto de passar algum tempo em Moçambique

O céu solarengo é azul

E todos os casais dançando encostados

É muito bom ficar uma semana ou duas

Há muitas raparigas bonitas em Moçambique

E muito tempo para um bom romance

E toda a gente gosta de parar e falar

Para dar uma chance àquele especial que procuras

Ou talvez dizer olá apenas com um olhar

Deitado ao lado dela ao pé do mar

Esticando-se e tocando a sua mão

Murmurando o seu sentimento secreto

Magia numa terra mágica

E quando chega a altura de deixar Moçambique

De dizer adeus à areia e ao mar

Volta-se para dar um último olhar

E vê porque é tão único estar

Entre as pessoas amorosas vivendo livres

Nas praias do solarengo Moçambique

Isto é apenas uma parte daquilo que os 70 anos de Bob Dylan nos têm permitido conhecer.

sábado, 21 de maio de 2011

Beyonce não resiste aos Tofo Tofo da Matola (Moçambique)



Os dançarinos moçambicanos Mário e Xavito, pertencentes ao grupo Tofo Tofo, contracenam ao lado da rainha do R&B Beyonce no seu mais recente vídeo da música "Run the World (Girls)", integrada no seu último álbum.

Beyonce não resistiu à coreografia apresentada pelos Tofo Tofo e convidou os dois elementos do grupo para gravar este vídeo que promete fazer sucesso. Mário e Xavito aparecem nas primeiras imagens do vídeo, com Beyonce no meio.

Xavito e Mário não se fizeram de rogado e emprestaram os seus passos a este vídeo da estrela pop americana, gravado no deserto de Mojave, em Inglewood, California. A coreografia dos Tofo Tofo escolhida por Beyonce para fazer parte deste vídeo é uma miscelânia do ritmo moçambicando Pandza e do sul-africano Kuaito.

Segundo o coreografo de Beyonce, Frank Gaston Jr., a ideia de convidar os Tofo Tofo para participarem neste clip surgiu após assitirem a um vídeo colocado no You Tube. “Vimos algo fantástico no You Tube e gostamos destes três dançarinos moçambicanos; ficamos impressionados com os movimentos e ficamos um ano a pensar nos mesmos”, disse Frank Gaston Jr., citado pela MTV.

O vídeo em referência foi colocado no You Tube por alguém, ainda desconhecido, e que convidou aos Tofo Tofo para abrilhantarem a festa do seu casamento.

"Aqueles dois bailarinos, não só ajudaram a moldar os passos no vídeo, mas também nos movimentos da Beyonce. Esta foi provavelmente uma das experiências mais bonitas para Beyoncé. Eles são tão humildes. Eu tenho certeza que vamos vê-los novamente. Foi mágico”, disse Frank Gaston Jr.

De acordo com Frank Gaston, foram necessários cerca de dois meses para encontrar os dançarinos devido ao facto de viverem nos arredores de Maputo, concretamente na cidade da Matola (Fomento e Liberdade). Beyoncé queria que eles fizessem parte do seu vídeo, pelo que teve que pedir ajuda à Embaixada do EUA em Maputo para encontra-los.

Os Tofo Tofo surgiram na arena musical na sequência da sua participação num concurso de dança integrado no programa infanto-juvenil Basket Show. Inicialmente composto por três elementos, o grupo viu-se reduzido à dois elementos, passando a adoptar o nome de W Tofo.

Em Moçambique já participaram em vários vídeos, com destaque para o vídeo da música “Takuraka” de Stewart Sukuma.

Os jornalistas e os “Intocáveis”: Grupo teatral apresenta peça "Bastidores da Notícia"

(Apresentação do Gungu no FESTLIP, 6 de junho de 2008, Espaço SESC, Brasil)

A companhia de teatro Gungu estreou ontem, 20 de Maio, a peça "Bastidores da Notícia" sobre "as várias dificuldades que o jornalista encontra em divulgar notícias quentes" relacionadas com as figuras "ditas intocáveis" de Moçambique.

Na primeira sátira do género no país onde se aborda integralmente o trabalho do jornalista, o Gungu, tido como um dos melhores grupos da cultura lusófona, procura demonstrar que os escribas "são quem, muitas vezes, fazem muitas coisas andar em Moçambique", explicou à Lusa a encenadora Juanett Rombe.

No seu último relatório, intitulado "Assim é a Democracia?", o Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) fala da "politização dos jornalistas" moçambicanos como um "desafio" à liberdade de imprensa no país.

O MISA denuncia a utilização de jornalistas moçambicanos como agentes pelos serviços de informação do Estado.

Na peça teatral do Gungu, "a essência é falar das várias dificuldades que o jornalista encontra em divulgar ´notícias quentes`, aquelas que envolvem altas individualidades que, em tempos, não era possível falar delas. São os ditos intocáveis", afirmou Juanett Rombe.

Os sete actores, que contracenam na peça, procuram demonstrar como é o dia a dia do jornalismo, "uma área que, por vezes, não se presta muita atenção", e o que se faz para ultrapassar as barreiras de acesso às fontes de modo a trazer a notícia para o público.

O enredo acontece numa redacção de jovens jornalistas audazes, que primam por um jornalismo de investigação, mas que, quase sempre, encontram obstáculos porque os responsáveis editoriais têm fortes ligações com as altas figuras de um Estado onde a publicação de "notícias quentes" é tabu, e optam por matérias frívolas.

"Acho que há muita gente que ainda não se apercebeu que estamos num Estado de Democrático há muito tempo", diz Juannet Rombe sobre aqueles que impedem os jornalistas em aceder às fontes de informação oficiais.

Por isso, "depois de o público assistir a peça olhará para os jornalistas de outra forma e vai dar muito mais valor aos jornalistas", que "passam por muita coisa desnecessária", diz a encenadora dos "Bastidores da Notícia".

Na quinta-feira, o Misa-Moçambique realizou um debate público para tomar "medidas cautelares para que as possíveis mudanças constitucionais a serem operadas pela FRELIMO não possam dar espaço para a censura".

A companhia de teatro Gungu foi criada em 1992 e tem como diretor Gilberto Mendes, ex-deputado da FRELIMO e um dos atores mais populares do país.

terça-feira, 17 de maio de 2011

13 de Maio no Santuário da Nossa Senhora de Fátima da Namaacha: religiosos e politicos pela preservação da paz e contra a violência

Promover um ambiente de paz no país tendo como pilares a tolerância, paciência, o diálogo, a ajuda mútua, compreensão e, sobretudo, o amor é a principal mensagem expressa por milhares de fiéis católicos que, no final da semana passada, peregrinaram ao Santuário da Nossa Senhora de Fátima, na Namaacha, na província do Maputo.

Os apelos constituem uma reacção implícita às ameaças de manifestações feitas pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, por alegadamente o Governo ter rompido o diálogo que decorria entre as partes e onde o maior partido da oposição nacional pretendia renegociar o Acordo Geral de Paz, rubricado em Roma, em Outubro de 1994.

Os peregrinos aproveitaram a ocasião para afirmar que para solucionar qualquer desentendimento existem várias alternativas sem ter que, necessariamente, recorrer às manifestações ou violência.

Manter diálogo permanente – Arcebispo de Maputo, Dom Chimoio

O arcebispo de Maputo, Dom Francisco Chimoio, que falava durante a celebração eucarística, começou reafirmou que a Igreja sempre pactuou com a paz e concórdia e não com manifestações. Situou a importância da peregrinação na mensagem de paz que ela transporta, e pelo papel que os fiéis jogam na sua disseminação através do diálogo.

“Já tivemos a guerra dos 16 anos e ficou claro que só essa guerra regrediu o país. Duvido que ainda haja moçambicanos a querer voltar à guerra”, explicou.

Segundo Dom Chimoio, a carestia de vida resulta das crises internacionais de todo mundo globalizado, explicando ainda que “o que faz com que a gente sofra mais é a falta de uma distribuição equitativa da riqueza”.

Paz no lugar de manifestações – Joaquim Chissano

Para o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, a paz deve habitar nas almas dos fiéis, daí a necessidade de cada pessoa cultivar o espírito de paz interna e não apontar a ninguém pela própria intranquilidade.

“Temos que levar a paz para as nossas famílias e comunidades para se preservar a paz no nosso país e no mundo em geral”, disse o antigo estadista nacional, acrescentando que “não há ninguém que pode mobilizar um exército para a guerra quando todos querem viver em paz”.

Chissano explicou também que se deslocou ao Santuário da Namaacha para pedir à Virgem Maria e ao Beato João Paulo II para intercederem por todas as pessoas que insistem em promover diálogos extemporâneos para a situação de desenvolvimento que o país está a viver.

Promover a harmonia – Jorge Tinga, edil da Vila da Namaacha

O Presidente do município da vila da Namaacha, Jorge Tinga, disse que “nós deixamos a palavra de que as pessoas devem viver em harmonia e no amor porque as manifestações sempre provocam violência”.

Acrescentou que é através do diálogo que se podem ultrapassar as dificuldades e as diferenças que possam existir, mesmo aqueles que promovem manifestações podem ser afectados ou um outro membro da sua família.

“Temos que viver em paz, promover a cultura da paz que pode contribuir para o desenvolvimento de Moçambique”, afirmou o edil.

Jorge Tinga condenou também as ameaças de manifestações e realçou que, em democracia, o espaço para o diálogo está sempre presente.