RÁDIO MOÇAMBIQUE

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mia Couto: Porque motivo a crise financeira não atingiu a indústria de armamento?

“O medo foi um dos meus primeiros mestres. Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas, aprendi a temer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem, servindo como agentes da segurança privada das almas. Nem sempre aqueles que me protegiam sabiam da diferença entre sentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando me ensinavam a recear os desconhecidos. Na realidade, a maior parte da violência contra as crianças sempre foi praticada não por estranhos, mas por parentes e conhecidos. Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam esse velho engano de que estamos mais seguros em ambientes que reconhecemos. Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditar que eu estava mais protegido apenas por não me aventurar para além da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meu território.”

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Eusébio Enciclopédia é lançada dia 28 de Outubro

Sabia, por exemplo, que Eusébio, antes de ser futebolista profisssional, foi arquivista numa empresa de acessórios para automóvel? E que alinhou por 6 selecções distintas? E que tem cinco irmãos e duas irmãs?

O livro dá conta de todos os títulos, todos os jogos, todos os clubes, do Benfica ao Chaves..., todos os golos a todos os adversários, todas as vitórias e todas as derrotas contra todos os adversários, todos os companheiros de equipa em todos os clubes, desde os juniores em Moçambique ao México e ao futebol «indoor».

Todas as cidades onde jogou, todos os filmes e documentários feitos sobre ele, todos os livros todos os grandes jornalistas e todas as grandes prosas todos os cromos, todas as homenagens, todas as curiosidades até ao... tremoço, centenas e centenas de entradas em centenas de páginas, milhares e milhares de nomes e de números, na primeira enciclopédia feita sobre um jogador de futebol.

Guebuza ao som de "Felizminha" de Stewart Sukuma

Presidente Guebuza de Moçambique dando uns passos de dança num almoço, dia 19, na Ponta Vermelha (Maputo) na homenagem a Samora Machel, em que tomaram parte os seus homólogos da Africa do Sul (Jacob Zuma) e do Botswana (Ian Kama)

Há dança para lá da política: Guebuza, Zuma, Mugabe e Kama mostraram o que vale ao som de Stewart


(Presidente Guebuza dando uns passos de dança com um dos seus pares/Foto MFerhat)

Os presidentes africanos e outros altos convidados que estiveram na festa do 25/o aniversário da morte do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel, mostraram que não só se dedicam a política para levar os destinos dos seus países a bom termo, mas também ao cultivo de virtudes que os tornam sociais.

A prova mais recente foi dada na tarde de quarta-feira no Palácio da Ponta Vermelha, residência oficial do Chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, na recepção servida aos líderes africanos e outros altos convidados que se juntaram a festa, marcada pela inauguração da majestosa estátua em sua homenagem.

A recepção, que incorporou uma diversidade de pratos típicos da gastronomia moçambicana e de outros países, teve um momento cultural cujo artista de cartaz foi o músico e compositor, Stewart Sukuma, que acompanhado pela sua banda “Nkuvu”, ambientou os convidados com vários números do seu reportório discográfico.

A banda tocou e os convidados não resistiram, aos poucos foram se juntar no local defronte da tenda onde Guebuza e os seus convidados de honra estavam todos sentados.

O dono da casa levantou-se em direcção ao relvado, Jacob Zuma da África do Sul, Ian Kama do Botswana, Graça Machel e vários outros se juntaram ao momento.

A banda Nkuvu tocava e os dirigentes dançavam, trazendo um ambiente de festa típico dos convívios africanos, em que os corações de todos os convidados estão estavam revestidos de alegria imensurável, até porque o bom gosto da comida fazia muitos deles lamberem os beiços de tanto degustar.

Armando Guebuza, Jacob Zuma, Ian Kama, Graça Machel e alguns filhos do herói nacional presentes na festa dançavam e, como não podia deixar de ser, os demais convidados se fizeram a relva para mostrar os seus dotes na dança, facto que impressionou muitos e, como resposta, todos irradiavam alegria.

Se a festa dos 25 anos da trágica morte de Machel teve muitos aspectos marcantes como a visita da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, o momento recreativo da recepção será, sem dúvida, outro grande momento de relevo registado na memória da história da efeméride.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A justiça dos padres de Macuti: “A certeza do dever cumprido, por solidariedade com os mais desprotegidos"


(Fernando Mendes tinha 24 anos quando chegou a Moçambique. Hoje tem 64)

Por Marta Martins Silva (Correio da Manhã)

Janeiro de 1972. Prisão da Beira, Moçambique. Em duas celas contíguas, Fernando e Joaquim comunicam por pancadas secas na parede. Acabaram de ser presos pela PIDE. Não se vêem mas sabem que o outro está do lado de lá do cimento que trava a liberdade. "Estava-se no pico do Verão na Beira, a cela era uma espécie de garagem", no primeiro dia a comida foi posta no chão, sem garfo ou colher que a levasse à boca.

Por ali haviam de estar um mês, antes de serem transferidos para o centro prisional em Machava, nos arredores de Lourenço Marques. Em Portugal, no poder, está Marcello Caetano. Oliveira Salazar havia morrido dois anos antes mas o País continuava ensombrado pela ditadura. Fernando e Joaquim são os padres Mendes e Teles Sampaio, para a História conhecidos como os padres do Macúti. Os padres que desafiaram o poder em nome da paz há quase quatro décadas. Entre grades, um pensamento: poderão dois homens sozinhos, ainda que homens de fé, fazer uma revolução?

"Pela primeira vez na história de Moçambique houve padres de raça branca presos pelo regime. Uma pedrada no charco, a imprensa internacional não parava de falar do caso" – recorda hoje, aos 64 anos, Fernando Mendes, um dos protagonistas. "Naqueles dias, o sentimento que nos animava era a certeza do dever cumprido, por solidariedade com os mais desprotegidos e inocentes" – lembra o outro, Joaquim Teles Sampaio, agora com 78.

A PAZ É POSSÍVEL?

Em Novembro de 1971 Fernando e Joaquim souberam, por dois missionários espanhóis, do massacre de Mucumbura, na província de Tete. "As tropas portuguesas incendiaram e metralharam as casas (palhotas) dos negros e mataram dezenas de crianças, mulheres e idosos. Sabendo disso, era impossível calar, apesar de na cidade ‘branca’ onde exercíamos a nossa actividade – na Paróquia do Coração de Jesus do Macúti, na Beira – parecer que nada acontecia porque a censura não permitia que se falasse na guerra que acontecia ali, a escassos quilómetros" – lembra Fernando.

Não aguentaram a injustiça e, para o dia um de Janeiro de 1972, Dia Mundial da Paz, escolheram o mote: ‘A Paz é possível, mas Moçambique está em guerra’ na homilia de domingo. "Sentia revolta, gritos abafados até ao dia em que quebrei o silêncio e denunciei os massacres, perante numerosa assembleia cristã. Tinha obrigação de os denunciar e esperava que fossem uma grande trovoada" – recorda Joaquim Teles Sampaio.

"Logo nessa semana houve um burburinho, chamaram-se alguns ouvintes para contar o que tinham ouvido na homilia, e ficámos em vigilância apertada da PIDE". Oito dias depois "havia uma cerimónia de escuteiros, uma promessa dos lobitos, mas a maior solenidade centrava-se na magna reunião de todos os movimentos católicos da paróquia".

O padre Fernando, então assistente religioso dos escuteiros, impediu que a bandeira nacional entrasse no templo, porque para muitos a bandeira era símbolo de ocupação. "Foi este episódio que veio a desenrolar todo o processo, montado para difamar e condenar os padres", lembra Sampaio. A 10 de Janeiro a manchete do jornal ‘Notícias da Beira’ acicatava a revolta: "Crime contra a harmonia racial; Padres Sampaio e Fernando; Nós denunciamos" – lia-se na notícia de cinco colunas ilustrada com cinco fotos tipo passe do padre Joaquim.

O artigo era assinado por CA, conselho de administração, embora a autoria fosse atribuída ao engenheiro Jorge Jardim (pai de Cinha Jardim), administrador. "Essa noite, como reacção à notícia houve um apedrejamento contra a nossa casa, se lá estivéssemos tínhamos sido linchados", afirma Fernando. Estavam longe, em Vila Perry, a mais de uma centena de quilómetros da Beira, num encontro religioso. Foi lá que foram presos, levados pela PIDE para a prisão.

O ano "que passei na prisão foi, por estranho que pareça, o ano mais feliz da minha vida, embora tenha sofrido muito. Mas ali o meu sofrer teve, como nunca, uma razão de ser. É lutando que se vive e é a lutar que se morre" – diz Sampaio. Um ano e três meses depois foram julgados.

"Cada dia a mais na prisão era um prejuízo para o governo. A sentença para o Sampaio foi de dois anos de prisão, mas como tinha passado um ano ficou com pena suspensa. Para mim foi sete meses, dado como cumprido", lembra Fernando. Regressaram a Portugal em Março de 1973 em aviões diferentes por medo de represálias. Depois disso, Sampaio foi pároco da Reboleira, na Amadora, leccionou na escola secundária e colaborou em várias outras paróquias.

Regressou há seis anos a Manteigas, onde iniciou a sua carreira sacerdotal. Fernando mora em Braga, na terra onde nasceu. Largou a batina da Igreja em 1974 por desilusões várias com a instituição. Licenciou-se em História, casou com uma catequista e teve dois filhos. Já é avô. O tempo passa mas a História está escrita: Fernando e Sampaio serão sempre os padres do Macúti.

JULGADOS NO TRIBUNAL MILITAR

Na prisão da Beira, onde estiveram o primeiro mês, não foram torturados "por serem brancos e padres" mas as condições eram nulas. "Era uma autêntica frigideira onde as minhas costas se esfolaram", recorda Sampaio, que arranjou "o cotinho de um lápis com que escrevia recados em papel higiénico para Fernando, enviados pelo rapaz da limpeza que se solidarizou" com a história.

Depois do inferno na prisão da Beira, atormentou-os a prisão de Lourenço Marques, onde estavam detidos dois mil presos políticos em nove pavilhões. O caso dos padres do Macúti é o único caso conhecido de dois elementos do clero secular terem sido julgados por um tribunal militar.

Jovens com carros e motos 4x4 estão a ameaçar seriamente a tartaruga marinha na praia de Bilene


As autoridades administrativas da Praia de Bilene estão preocupadas com a frequente ocorrência de desmandos protagonizados por alguns turistas, através do uso de veículos e motos de tracção às quatro rodas nos locais onde, habitualmente, as tartarugas marinhas criam seus ninhos.

Segundo Domingos Matabel, chefe do posto administrativo da Praia de Bilene, em entrevistado recentemente pelo Jornal Notícias, a movimentação desordenada de veículos, para além de destruir os ninhos impede, igualmente, o acesso ao mar das crias recém-nascidas.

Outros factores que interferem, de alguma maneira, para a intranquilidade daquelas espécies marinhas protegidas tem a ver com o excesso de iluminação nocturna e a poluição sonora que, nalgumas vezes, pode interferir na desova das tartarugas.

“Temos estado a trabalhar, arduamente, com as lideranças comunitárias, assim como com a classe empresarial com interesses no Bilene, para que, em conjunto, possamos fazer algo para a protecção destas espécies de valor turístico incomensurável, ameaçadas de extinção. Com efeito, e no âmbito dessa mesma parceria, a Praia de Bilene tem estado a receber uma grande contribuição por parte do Centro de Desenvolvimento das Zonas Costeiras, que com alguma regularidade tem estado a prestar monitoria, designadamente na protecção do ecossistema”, disse Matabel ao matutino Notícias.

No quadro dessa cooperação com os diversos intervenientes foi possível a salvação, no início do ano em curso, de duas tartarugas apanhadas junto à orla marítima, das quais uma com problemas de fadiga e outra com ferimentos, que depois do tratamento e repouso foram posteriormente devolvidas ao mar.

Segundo o chefe do posto administrativo de Bilene, a presença de um posto de guarnição na zona da Lagoa Uembje, destinado à protecção das tartarugas marinhas, tem sido determinante para que aquelas espécies se sintam seguras e se possam reproduzir num ambiente de tranquilidade.

Refira-se que a existência da Lagoa Uembje, com águas brandas, assim como de uma praia de águas marítimas com ondas que formam um movimento titubeante e maravilhoso, aliado à presença de um imponente miradouro para observação de tartarugas marinhas, bem como a preferência daquele local para a prática da pesca desportiva e outras modalidades náuticas, constituem importantes atractivos que levam, anualmente, ao Bilene, milhares de turistas para se deliciarem daquela beleza ímpar da natureza.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Com artistas africanos e europeus: Maputo acolhe mais uma edição do concerto cultural UMOJA


A Capital moçambicana, Maputo, vai acolher entre os dias 28 e 29 de Outubro em curso a VI edição do mega concerto cultural “UMOJA”, no qual vão desfilar vários artistas nacionais e de outros países da África e Europa.

O UMOJA é um festival cultural que se realiza numa periodicidade anual e de forma rotativa entre os países envolvidos no projecto, mas desta feita acontece pela quinta vez consecutiva na Praça da independência, na cidade de Maputo, por oferecer um ambiente único e acolhedor.

Manuel Pita, do Ministério da Cultura, disse hoje, em conferencia de imprensa, que a edição deste ano tem a particularidade de acontecer em pleno ano Samora Machel e num local onde foi erguido uma estátua imortalizando o fundador do Estado moçambicano.

Este ano um dos fortes atractivos do festival, que normalmente é caracterizado por música, dança e circo, é uma exposição de obras produzidas no país e que retratam a vida e obra de Samora Machel.

Segundo Pita, Samora Machel sempre se bateu pela valorização da cultura e da arte ao ponto de, em vida, ter sempre afirmado que “A cultura é o sol que Nunca desce e é factor de identidade e desenvolvimento dos povos”.

Paralelamente, os organizadores deste evento atribuem, no decurso do festival, um prémio aos artistas que se evidenciam na promocao da cultura e da arte, em Africa.

Moçambicanos como o malogrado artista plástico Malangatana Valente Nguenha, um dos patronos deste festival em Moçambique, já ganharam o prémio UMOJA.

Por seu turno, a Embaixadora do Reino da Noruega, Tove Wesrberg, disse que o seu país apoia o UMOJA por constituir uma oportunidade para a promoção e intercâmbio cultural entre os povos de diferentes cantos do planeta

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Imagens de Moçambique no Concurso da National Geographic 2011



O concurso mundial de fotografias National Geographic Photo Contest 2011 já começou a selecção dos concorrentes. Na edição anterior foram 16 mil fotos submetidas por fotógrafos de 130 países diferentes. Em 2011 os concorrentes puderam inscrever as suas fotos em três categorias: pessoas, lugares e natureza. As imagens serão julgadas pelos fotógrafos da National Geographic Tim Laman, Amy Toensing e Peter Essick e algumas das fotos podem ser vistas pelo site do concurso: http://ngm.nationalgeographic.com/ngm/photo-contest/. Os vencedores serão divulgados no dia 15 de dezembro.

As imagens representativas de Moçambique são de autoria de Alina Dumitrache (crianças de Bilibiza, Cabo Delgado) e a que se vê acima, de autoria de Ismael Miquidade, mostra crianças a nadar na Praia das Chocas-Mar, na província de Nampula. Ambas concorrem para a categoria “Pessoas”.

sábado, 8 de outubro de 2011

Visão alternativa do Congo colocou moçambicano Mauro Pinto na final do BES PHOTO 2012

Com um trabalho que apresenta uma visão alternativa do Congo, o moçambicano Mauro Pinto, que recusa "rotular" as suas próprias criações, foi um dos quatro seleccionados para a final do prémio BES Photo 2012, anunciou hoje (sábado) a Agência Lusa.

"Maputo - Luanda - Lubumbashi" é o título do trabalho de Mauro Pinto apurado pelo júri do BES Photo 2012, um projecto do fotógrafo que visita as capitais de Moçambique, Angola e Congo.

Inicialmente, o trabalho de Mauro Pinto estava relacionado com uma pesquisa individual sobre antigas rotas de escravos, mas, no Congo, decidiu recolher imagens que apresentassem visões alternativas, fotografias do país que o mundo não está acostumado a ver.

"Eu sempre que via fotografias do Congo, observava uma coisa má, agressiva, de guerra. Não é possível que um país como aquele só tenha isto. E então fiz este projecto, 'Lubumbachi: Interiores-Exteriores', com o que me tocou de uma outra maneira", disse Mauro Pinto à agência Lusa.

Visivelmente satisfeito com a nomeação para a final do concurso fotográfico, "que tem grandes nomes" seleccionados, Mauro recusa "rotular" as suas próprias criações.

"Os rótulos são os outros que nos colocam. Eu não posso dizer o que eu sou. Simplesmente sei dizer que gosto de fotografar e vou fotografar. Se é jornalismo, se é artístico, se é documental, cabe aos outros dizer isso", comentou.

Através de Mauro Pinto, Moçambique estará pelo segundo ano consecutivo representado na final deste galardão da área da fotografia, que atribui 40 mil euros ao vencedor.

Os outros finalistas seleccionados para o Prémio BES Photo são o português Duarte Amaral, a brasileira Rosangella Rennó e o colectivo brasileiro Cia de Foto.

Os quatro vão defrontar-se numa exposição individual, financiada pelo galardão, a ter lugar em Março de 2012 no Museu Colecção Berardo, em Lisboa, onde será apurado o derradeiro vencedor do concurso.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Brana expõe “Pontos de Vista” ao lado de Gonçalo Mabunda e Mauro Pinto

A conhecida pintora servia Branislava Stojanovic, artisticamente conhecida por "Brana", volta a expor no Maputo, mais concretamente no Centro Cultural Brasil-Moçambique.

Há sensivelmente dois anos e meio a residir em Moçambique, Brana traz, agora, uma marca ainda mais evoluída comparativamente às suas anteriores exibições ao expor um conjunto de obras de arte em “Pontos de Vista”, onde se apresenta ao lado do escultor Gonçalo Mabunda e do fotógrafo Mauro Pinto.

Igual ao título que leva a presente mostra, cuja inauguração teve lugar ontem, esta um verdadeiro momento de demonstração dos diferentes pontos de vista que cada um dos três expositores têm sobre o dia-a-dia que hoje se vive. “Esta colectiva junta três formas de expressão artística, designadamente a pintura, a escultura e a fotografia. É essa diversidade de formas de manifestação artística que vai dar lugar a diferentes pontos de vista”, considerou a Brana.

No seu caso concreto, a artista plástica Brana, que falava recentemente à nossa reportagem, disse que a grande particularidade que caracteriza a sua arte tem a ver com o facto de ter introduzido o uso da capulana como tela, substituindo assim a tela tradicional.

A sua arte passou por várias fases e ela mesma lembra que começou a pintar de maneira clássica tendo, somente mais tarde, começado a mudar aos poucos para um formato cada vez mais espontâneo e original.

Nasceu na Sérvia e viveu na Itália, onde adquiriu diversas formas artísticas de expressar os seus sentimentos, emoções e pensamentos. Mas agora, que vive em Moçambique há sensivelmente dois anos e meio, a sua arte adquiriu novas formas, resultantes das influências das cores, cheiros e sabores locais. “É natural que a minha arte tenha influências de outros países por onde passei, mas sinto que ganhei mais ainda mais ao introduzir a capulana, sobretudo na estética, na temática e no pensamento”, descreveu a artista.

Enquanto falava da sua forma de se manifestar nas artes plásticas, Brana ilustrava com os conteúdos de cada uma das obras que estavam no seu atelier no momento em que a visitamos. Em “Encantamento” – onde se vê uma mulher negra a abraçar um antílope depois de descobrir nele as características de um homem –, está reflectida a sua paixão pelas histórias mágico-tradicionais que fazem parte do dia-a-dia de muitos moçambicanos, retratos de um lugar comum onde ninguém acredita que os homens são capazes de se transmutar e virarem animais.

Para além de histórias do universo mágico-tradicional, Brana aborda problemas relacionados com o racismo, como, por exemplo, em “Arco Íris”, onde um homem branco e uma mulher negra se descobrem. “Não que seja uma história pessoalmente minha, mas faz parte do nosso quotidiano, contrariando algumas manifestações de racismo que ainda existem tanto de brancos para negros quanto de negros para brancos”, como explicou.

Os temas que abordam são satisfatoriamente diversificados, a avaliar pelo facto de os temas políticos, que também não escapam ao seu olhar crítico. É o que se pode atestar em “Óculos para não ver”. “São óculos para cegar as pessoas. Não cegá-las literalmente, mas fazê-las verem outras coisas que lhes entretém no lugar de encararem os problemas reais que hoje existem, como a pobreza e a indigência”, elucidou Brana, que já participou em diversas exposições individuais e colectivas.

Fonte: jornalnoticias.co.mz