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domingo, 28 de setembro de 2008

Fela Kuti: o inventor do Afrobeat em "Clube dos Entas"

A próxima edição do programa "Clube dos Entas", 2 de outúbro, vai destacar a vida e obra de Fela Kuti. Eis um "cheirinho" da sua carreira:
Fela Kuti iniciou uma trajetória sem precedentes na música africana e não só.
Tornou-se, no mínimo, o artista mais importante da Nigéria.
Espremeu o funk e o jazz, adicionou tempero africano e garantiu o sabor do caldo com o seu próprio talento e a extrema competência dos músicos que formaram as suas big-bands.
Inventou o afrobeat. Gravou mais de 80 discos em 30 anos.
Desafiou o governo. Decidiu, em 1974, que a sua residência seria um estado independente e lhe deu o nome de república Kalakuta. Depois de criticar as autoridades do seu país, num show de 77, viu a sua mãe morrer durante uma invasão policial à sua casa.
A senhora Olufunmilayo Ransome-kuti, então com 77 anos, foi arremessada pelos invasores do primeiro andar de Kalakuta. Ficou 27 dias no xadrez.
Em 1978, casou numa mesma cerimônia com 27 mulheres (muitas delas dançarinas e cantoras da sua banda) e baptizou todas com o seu sobrenome: Anikulapo-Kuti.
Candidatou-se, em 1979, à presidência da república da Nigéria. Candidatura rejeitada. Foi preso de novo. Dessa vez, em 1984, amargou 20 meses de reclusão. Morreu de Sida em 1997.


O "Clube dos Entas" pode ser escutado todas as quintas-feiras (22H05) e segundas-feiras (02H05) em 92.3 FM (Antena Nacional da RM) ou no site www.rm.co.mz

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A poesia de Noémia de Sousa e a música de Rui Mingas e Paul Simon no "Clube dos Entas"

A próxima edição do programa radiofónico "Clube dos Entas", porque acontece no dia 25 de setembro - marco importante na resistência dos moçambicanos à dominação colonial - vai transmitir excertos de uma entrevista concedida pela combatente anti-colonial e escritora moçambicana, Noémia de Sousa.

Se estivesse viva, ela teria completado no sábado, 20, oitenta e dois anos.

A entrevista a ser passada foi feita por David Borges, um jornalista português e então Director da estação radiofónica RDP Africa, uns meses antes da morte de Noémia de Sousa.

Os ouvintes do "Clube dos Entas" poderão recordar algumas obras musicais de um resistente anti-colonial-fascista angolano, Rui Mingas, retiradas de uma bem conseguida colectânea das suas músicas, a que deu o nome de "Memória".

"Concert In Park" é um espectáculo realizado a 15 de agosto de 1991 por Paul Simon, no Central Park de Nova York, onde o antigo companheiro de Art Garfunkel, executa várias composições do album "Graceland" de 1986 e no qual pontificam executantes sul-africanos como Ray Phiri, Vincent Nguini e Tony Cedras, e percursionistas brasileiros. É com esta obra magistral que a edição desta semana do "Clube dos Entas" assinala o 25 de Setembro.

O "Clube dos Entas" pode ser escutado todas as quintas-feiras (22H05) e segundas-feiras (02H05) na Antena Nacional da Rádio Moçambique (92.3 FM) ou no site www.rm.co.mz.

Angola: o país que ansiava conhecer











Eis-me de regresso à casa, depois de uma jornada, penosa é verdade mas sublime, de cerca de 18 (dezoito) dias por Angola.
Para lá viajei com a missão de reportar para a Rádio Moçambique todo o processo que rodeou as Segundas Eleições Legislativas, desde a campanha eleitoral, à votação e apuramento, até à publicação dos resultados finais.
O peblescito foi ganho, de forma esmagadora, pelo Movimento Popular para a Libertação de Angola, MPLA, do Presidente José Eduardo dos Santos. O grande derrotado foi a União Nacional para a Independência Total de Angola, Unita, liderada por Isaías Samakuva, que sucedeu o fundador do movimento, Jonas Malheiro Savimbi.
Feitas as contas, o "EME" (MPLA) ganhou 190 lugares na Assembleia Nacional e a sua arqui-rival Unita ficou-se pelos 16 assentos. Um quadro que nos mostra que o partido dos "camaradas" vai ditar no emicíclo, coisa antes dificil quando os correligionários de Savimbi detinham na primeira legislatura 70 lugares.
Politólogos, angolanos e estrangeiros, já vieram a terreiro manifestar o receio de que, perante uma tamanha diferença, a incipiente democracia angolana corre sérios riscos, poder-se-á caminhar para um estado de partido único.
Dino Matrosse, o Secretário-Geral do MPLA, apressou-se a afastar tais receios, salientando que a maioria que o povo angolano lhe concedeu só servirá para responsabilizar ainda mais o seu partido quanto à imperiosidade de cumprir com o prometido.
É como quem diz: O MPLA tem um cheque em branco, mas com prazo fixo, ao fim do qual, os titulares do endosso, virão avaliar se o desempenho foi ou não a contento.
Na minha estada em Angola, tive a oportunidade de rever várias amizades, uma das quais não via já lá vão 21 anos quando nos separamos em Moscovo, a capital russa. (Foto 1)
Tomei contacto com a modernidade do equipamento da Rádio Nacional de Angola (Foto2), conversei longamente com a cantora e colega da Rádio Luanda Patrícia Faria (Patyfaria), participei, qual comentador desportivo, no Programa "Desportivo no Quintalão" com o Pacavira e o António Clara da Rádio Cinco (Foto 4) e, como não podia deixar de ser, deambulei pela Baía de Luanda, mesmo defronte da famosa Ilha e nas redondezas do já destruído mercado de Kinaxixe.
Prometo mais histórias da minha estada em Angola, para onde espero regressar lá p´ra o fim do próximo ano, por alturas das eleições presidênciais.
As eleições em Angola, "justas" e "livres" para algumas missões de observadores, embora apenas "transparentes" para a missão da União Europeia, são um sinal de esperança para África e para o aparecimento de realidades governativas mais tolerantes e democráticas.


É evidente que só por desconhecimento da realidade ou puro romantismo se pode esperar que o continente africano, sobretudo a África negra, esqueça de um momento para o outro as suas raízes (e duas ou três décadas, em termos históricos, são um momento) e abrace a democracia parlamentar tal como ela é conhecida na Europa. Isso não é possível.


O que é possível, como a rica Angola mostra, é evoluir, a partir de uma paz indispensável, para uma democracia que por um lado corresponda à escolha do povo e, por outro, pressione os dirigentes a mudarem algumas decisões e a perceberem, até pelas reacções da comunidade internacional, que têm de apurar comportamentos.


Angola está neste patamar. Tem de melhorar na distribuição da riqueza, na formação de quadros, no desenvolvimento harmonioso do país, na liberdade de imprensa, na escolha dos melhores e mais qualificados independentemente dos partidos. Tem de mudar muita coisa, mas a verdade é que está no bom caminho.


Em 50 anos, este país irmão iniciou o abandono do tribalismo, agarrou em armas contra o colonizador, sangrou numa guerra fraticida e potenciada pela sua riqueza de recursos, e só agora começa a gozar de um pouco de paz para se reconciliar de vez e evoluir socialmente.Estas eleições são, neste contexto, um excelente sinal.
Em vez de declarar as eleições "justas e livres" como fizeram outras equipas de observação, a missão de observadores da União Europeia (UE) declarou que as legislativas em Angola foram realizadas num "clima de serenidade" e que o dia da votação ficou marcado por "debilidades" na organização e "inconsistências" de procedimentos.
O líder da UNITA, Isaías Samakuva, aceitou os resultados, recuando de uma desesperada iniciativa de impugnar as eleições. E manifestando o desejo de que o partido vencedor, o MPLA, governe "no interesse de todos os angolanos".
O MPLA, do Presidente José Eduardo dos Santos, venceu as primeiras legislativas em 16 anos com mais de 80 por cento.
O grande derrotado nas segundas eleições angolanas: Isaías Samakuva, o líder da Unita. A cúpula do partido, em reunião após a inglória batalha eleitoral do dia 5 de setembro, decidiu dar mais uma oportunidade a Samakuva, contrariando o vaticínio de muitos observadores, eu incluido, do processo de democratização de Angola.
A Unita, que na anterior legislatura detinha 70 (setenta) lugares na Assembleia Nacional, ficou-se agora por uns míseros 16 (dezasseis) assentos. O "EME" - como é chamado o MPLA - domina em absoluto emicíclo com 190 deputados, posição que leva muitos analistas a vaticinarem um futuro sombrio para a jovem democracia do país. Por outras palavras, no horizonte dos cépticos, vislumbram-se um partidão arrogante, que irá agir sem se importar com as vozes dissonantes.
Enfim: será o regresso ao unipartidarismo no entenderv dos politólogos.
O MPLA já veio afastar tais receios, através do seu Secretário-Geral, Dino Matrosse.
A ver vamos.
As eleições em Angola, "justas" e "livres" para algumas missões de observadores, embora apenas "transparentes" para a missão da União Europeia, são um sinal de esperança para África e para o aparecimento de realidades governativas mais tolerantes e democráticas.
Em 50 anos, este país irmão iniciou o abandono do tribalismo, agarrou em armas contra o colonizador, sangrou numa guerra fraticida e potenciada pela sua riqueza de recursos, e só agora começa a gozar de um pouco de paz para se reconciliar de vez e evoluir socialmente.
Estas eleições são, neste contexto, um excelente sinal.