RÁDIO MOÇAMBIQUE

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Instalação inusitada em Londres

A galeria Barbican em Londres apresenta uma instalação inusitada: trata-se de um aviário que usa guitarras e baixos no lugar de poleiros, fazendo com que o movimento dos pássaros ao pousar e voar produza notas musicais.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Vai ao Mundial de Futebol na RAS? Compre um colete prova de facadas por 50 euros

Para evitar que a festa do futebol se converta na festa do crime, a empresa britânica protektorvest pôs à venda coletes à prova de punhaladas, os quais recomenda a todos os que visitarem a África do Sul durante o Mundial de 2010.

Esta iniciativa pôs de novo sobre a mesa o debate sobre a segurança num país onde se cometem 50 assassinatos por dia.

O colete custa 50 euros e pode ser adquirido personalizado com a bandeira da sua equipa preferida ou com mensagens como “Free Hugs” (Abraços grátis) ou “Olé” (como se canta nos estádios de futebol).

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Foto sobre protestos no Irão é eleita melhor imagem de 2009

Esta imagem de mulheres a gritar em protesto contra o governo no telhado de um edfício de Teerão na noite de 24 de junho de 2009 foi eleita a melhor foto do ano passado pela World Press Photo nesta sexta-feira, 12. Registada pelo italiano Pietro Masturzo, a foto recebe um dos prêmios internacionais mais importantes do fotojornalismo.

Segundo o jurado Ayperi Karabuda Ecer, a "imagem mostra o início de algo, o início de uma grande história". "Dá perspectiva às notícias. Toca visual e emocionalmente", disse.

Na época em que a imagem foi registada, o Irão enfrentava uma crise interna devido aos protestos contra as eleições realizadas pouco antes, no dia 12, que a oposição diz terem sido fraudadas pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad. Durante esse período, os jornalistas internacionais estavam proibidos de cobrir os protestos da oposição e corriam o risco de ser presos pelas autoridades.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Malangatana Doutor Honoris Causa pela Universidade de Évora

"Juizo final", 1961
A Universidade de Évora atribui na passada quarta-feira, 10, o doutoramento honoris causa ao pintor moçambicano Malangatana, no ano em que se assinalam 50 anos da sua obra. Com a laudatio da responsabilidade de Marcelo Rebelo de Sousa, a cerimónia decorreu na Sala de Actos da instituição.

No dia do doutoramento, foi inaugurada a exposição «Malangatana - 50 Anos de Pintura», no Palácio D. Manuel, que tem como objectivo traçar uma retrospectiva da vasta obra de artista, representada em inúmeros museus e colecções privadas em todo o mundo. A mostra reúne 50 trabalhos produzidos de 1950 até aos dias de hoje, ilustrativos das suas diferentes fases. A exibição está patente até 28 de Março.

Malangatana Valente Ngwenya nasceu na vila de Matalana, província de Maputo, em 1936. Frequentou a Escola da Missão Suíça protestante, onde aprendeu a ler e a escrever em ronga. Após o encerramento desta instituição, transitou para a Escola da Missão Católica em Bulázi, onde conclui, em 1948, a terceira classe.

O seu pai era mineiro e passava longos períodos afastado da sua família. Por isso, Malangatana cresce muito ligado à sua mãe, de quem aprecia o desenho e as cores com que esta decorava cabaças ou bordava cintos de missangas. Mas esta educação não o afastou das raízes culturais: foi iniciado nos costumes ancestrais, aprendendo os elementos da medicina tradicional (nyamussoro) com a médica que tratou sua mãe, quando esta adoeceu.

Na sua aldeia, foi pastor de bovinos e aos 12 anos começou a trabalhar em Lourenço Marques, onde desempenhou diversas tarefas, como 'criado' de meninos, apanhador de bolas no clube de ténis e, mais tarde, como empregado de mesa. Posteriormente, teve o seu talento artístico reconhecido e foi, por isso, encorajado a estudar arte, tendo tido como mestre o Arquitecto Garizo do Carmo.

Pintor “engagé”

E, em 1959, as suas obras foram, pela primeira vez, expostas publicamente. Tornou-se artista profissional em 1960 graças ao apoio do arquitecto Miranda Guedes, que lhe cedeu a garagem para atelier e lhe adquiria dois quadros por mês, para que se pudesse manter. Mas foi em 1961 que organizou a sua primeira exposição individual, no Banco Nacional Ultramarino.

A sua actividade de pintor “engagé”, concomitante com a publicação de poemas no jornal “Orfeu Negro” e na “Antologia da Poesia Moderna Africana”, indiciaram-no como membro da Frelimo, o que o fez ser preso, conjuntamente com José Craveinha e Rui Nogar. Julgado em Tribunal Militar, é absolvido a 23 de Março de 1966, sendo de novo preso a 17 de Junho desse ano, sendo restituído à liberdade a 11 de Novembro. Data, dessa época, a notável colecção “Desenhos de Prisão”.

Obteve uma bolsa da Fundação Gulbenkian que lhe permitiu ainda estudar gravura e cerâmica. Conseguindo vencer a oposição da PIDE, trabalhou em gravura na “Gravura – Sociedade Cooperativa dos Gravadores Portugueses” e em cerâmica, na Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego.

Com a independência de Moçambique, Malangatana envolve-se directamente na actividade política (foi eleito deputado em 1990 nas listas da Frelimo; foi eleito em 1998 para a Assembleia Municipal de Maputo e reeleito em 2003), participa em acções de mobilização e alfabetização e, a partir de 1978, na organização das aldeias comunais na Província de Nampula. Foi um dos fundadores do “Movimento Moçambicano para a Paz”. Em 1984, integra os "Artistas do Mundo contra o Apartheid", expondo em diversas cidades da Europa. Tem colaborado intensamente com a UNICEF e durante alguns anos fez funcionar a escola de bairro dominical "Vamos Brincar".

Exposições colectivas e individuais

Desde 1959 que participa em exposições colectivas em várias partes do mundo e, a partir de 1961, realizou inúmeras exposições individuais em Moçambique e ainda na Alemanha, Áustria, Bulgária, Chile, Cuba, Estados Unidos, Espanha, Índia, Macau, Portugal e Turquia. Tem murais pintados ou gravados em cimento em vários pontos de Maputo (Mural do Museu de História Natural e Mural do Centro de Estudos Africanos da Universidade Eduardo Mondlane, entre outros), assim como em outros países.

A sua obra, para além dos murais, sobressaiu ainda em Pintura, Desenho, Aguarela, Gravura, Cerâmica, Tapeçaria, Escultura e encontra-se em vários museus e galerias públicas, bem como em colecções privadas, espalhadas por inúmeras partes do Mundo. Terminou, recentemente, um baixo-relevo, em mármore, na cidade do Barreiro. Malangatana é, sem dúvida, o artista plástico mais famoso – no plano internacional – de Moçambique e um dos mais destacados da África Austral.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Cinema moçambicano: uma merecida homenagem a Camilo de Sousa

O cineasta Camilo de Sousa é o próximo homenageado no programa “Noite de Abraços”, numa apresentação a ser feita pelo cineasta e secretário-geral da Associação Moçambicana de Cineastas (AMOCINE), Gabriel Mondlane. O acto terá lugar esta quinta-feira, às 18.00 horas, no espaço do Sheik, onde irá se discorrer sobre vida e obras daquele que é um dos maiores cineastas moçambicanos.

Membro fundador e vice-presidente da Associação Moçambicana de Cineastas, criada em 2003, Camilo de Sousa nasceu em Lourenço Marques a 29 de Maio de 1953, onde fez os estudos secundários.

Em 1968, começou a interessar-se pela fotografia, trabalhando nas Artes Gráficas e, posteriormente, como repórter fotográfico e redactor do diário "O Jornal" publicado na então cidade de Lourenço Marques. Em 1972 refugiou-se na Bélgica, onde obteve o estatuto de refugiado político junto às Nações Unidas (UNHCR).

Em 1973 partiu para a Tanzânia e juntou-se à Frente de Libertação de Moçambique, participando na luta pela Independência de Moçambique.

Depois da proclamação da Independência Nacional em 1975, trabalhou em diversos projectos de carácter social e de comunicação na Província de Cabo Delgado, criando a primeira rede moçambicana de correspondentes populares de informação e levando o cinema móvel a todos os distritos e localidades desta província.

Em 1980, ingressou no Instituto Nacional de Cinema, onde trabalhou até 1991 como realizador, editor, director de produção, produtor e, finalmente, Director Geral de Produção.

Em 1992, com outros profissionais de cinema e comunicação, criou a primeira cooperativa independente de comunicação e produção de imagem, a Coopimagem.

Em 2001, associou-se à Ébano Multimédia, onde tem vindo a desenvolver a actividade de Produtor e Realizador. É membro fundador e vice-presidente da Associação Moçambicana de Cineastas, criada em 2003.

Ele conta com uma participação em centenas de produções cinematográficas, como produtor, director, realizador, primeiro assistente.

Nas produções cinematográficas que marcaram Moçambique, Camilo de Sousa tem a sua participação, onde, a título de exemplo, se pode citar a sua presença no filme “O Tempo dos Leopardos”, uma longa-metragem de ficção co-produzida por Moçambique e a Jugoslávia.

A sua marca está igualmente presente no filme “O Vento Sopra do Norte”, uma longa-metragem de ficção do cineasta José Cardoso.

A “Noite de Abraços” é um evento cultural que visa criar um espaço para a interacção directa e informal entre personalidades da cultura moçambicana e os seus admiradores, constituindo uma oportunidade para os fazedores culturais trocarem impressões com os seus colegas e admiradores, partilhando caminhos que levem ao desenvolvimento cultural.

Obra de Mia Couto será debatida num congresso na Bélgica


Um congresso internacional sobre a obra de Mia Couto vai decorrer na Antuérpia, Bélgica, de 23 a 25 de Março, organizado pelo Instituto Superior de Tradutores e Intérpretes da Bélgica com o apoio do Instituto Camões.

Comunicações de especialistas de diversas universidades da Europa e América serão apresentadas, incluindo da Universidade da Sorbone de Paris, da Universidade de Caen da Normandia (França), a Universidade de Bucareste (Roménia), Universidade de Utrech (Holanda), a Universidade Koln (Alemanha), Universidade Federal de Pernambuco (Brasil), Universidade de Berkeley (Inglaterra), bem como as universidades portuguesas de Viseu, Lisboa, Porto e Trás-os-Montes.

No final do primeiro dia, inteiramente dedicado à análise da obra do escritor moçambicano, será exibido o filme "Terra Sonâmbula" que venceu diversos prémios internacionais de cinema.

Mia Couto vai estar presente no colóquio.

A primeira do evento será dedicada à tradução da obra de Mia Couto. "Serão escolhidos dois livros entre a obra do autor e serão convidados alguns dos tradutores destes textos, para participarem em mesas redondas", segundo uma nota dos organizadores.

A segunda vertente "será centrada na análise da obra do autor". Nessa parte, pretende-se abordar especificamente os temas como o trabalho/o jogo com a linguagem na obra de Mia Couto, bem como o seu processo narrativo, a literatura e a constituição de uma identidade (linguística, cultural e/ou política) moçambicana e a tradução, a divulgação e a internacionalização da obra do escritor moçambicano.

Além das comunicações seleccionadas, estão também previstas palestras por Mia Couto, Ana Mafalda Leite e Alberto Carvalho.

Os organizadores lançam um apelo à apresentação de comunicações numa das áreas temáticas do colóquio, devendo a intenção de apresentar uma comunicação acompanhada de um título provisório ser apresentada até 1 de Novembro de 2009.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Moçambicanos em festa: o Ukanyi bebe-se a rodos

O fruto, Canhu, maduro, pronto para ser esprimido e o sumo fermentado
A árvore do Canhu, o canhueiro, carregada do fruto já maduro
Grupo de bebedores do canhu, com cabaças, algures no sul de Moçambique

As comunidades da região sul de Moçambique estão em festa, tudo porque se está na época de ukanyi, vinho tradicional produzido a partir da fermentação do suco do fruto do canhoeiro.

Nesta época do ano assiste-se diariamente e, em especial, aos fim-de-semana, uma procissão de citadinos para as zonas suburbanas, incluindo alguns distritos das províncias de Maputo e Gaza, com agenda única: o consumo de ukanyi, uma bebida bastante apreciada, sobretudo, pelo seu valor social.

Diga-se, em abono da verdade, é também o momento do verdadeiro turismo doméstico.

Para um conhecimento mais aprofundado do assunto, a seguir algumas notas extraidas de um estudo realizado pelo Instituto de Investigação Sócio-Cultural (ARPAC), intitulado “Ritual das Primícias de Ukanyi”.

Ukanyi é um tipo de vinho tradicional de baixo teor alcoólico bastante apreciado, não somente pelo valor sócio-cultural que encerram as sessões de consumo, mas também pela sua conotação afrodisíaca. De facto, ao longo de gerações, o ukanyi tem sido objecto de muitos debates com relação à sua conotação afrodisíaca. Algumas pessoas se esforçam em consumi-lo, supostamente para o aumento da sua virilidade. Outras especulam negativamente em relação as tais propriedades.

O facto é que até agora não há confirmação científica. As conotações afrodisíacas são do domínio de crenças, essas propriedades têm sido atribuídas somente a uma parte de ukanyi, nomeadamente o hongwe que é a parte densa da bebida que fica no fundo do recipiente.

Tradicionalmente o hongwe era servido aos jovens de ambos sexos, como forma de dota-los de capacidades para uma melhor actividade sexual.

O suposto efeito afrodisíaco de ukanyi tem levado à tomada de medidas cautelares, durante os convívios, com a separação e distanciamento dos locais de dejecção, por sexo. Por outro lado, tem-se assistido à exposição de cordas para serem usadas contra os que perturbam a ordem e tranquilidade da festa de ukanyi.

A FESTA DA FAMÍLIA

Nos tempos idos a frutificação, fabrico e posterior consumo de ukanyi marcava a transição do ano no seio das comunidades. Uma outra importância associada ao ukanyi está relacionada, por um lado, com o fortalecimento das relações sociais e, por outro, com a criação de novos laços de solidariedade. É durante a época de ukanyi que se registam com maior frequência visitas entre indivíduos pertencentes a uma mesma família, incluindo membros de diferentes comunidades.

Durante o ano muitos membros das famílias ficam dispersos, cada um nos seus afazeres, mas chegada a época de ukanyi, as pessoas concentram-se, aproximam-se para conviver e discutir vários assuntos ligados à sua vida e a da sua comunidade. É também nesta ocasião que se fazem novas amizades.

O ritual de ukanyi cria e fortifica as redes de solidariedade entre habitantes de diferentes ecossistemas, o que por sua vez se revela importante na resposta às crises provocadas por calamidades naturais, no âmbito da segurança alimentar ou ruptura de reservas de sementes para a agricultura.

No que se refere à dimensão espiritual, o ukanyi reveste-se de uma importância crucial na manutenção do equilíbrio social. A época de ukanyi é vista com a fase de maior aproximação das populações locais aos espíritos dos seus antepassados, para fazer preces de vária ordem, tendo como finalidade a busca de um equilíbrio cosmológico, o que levou a sacralização da bebida e transformou-a num produto de venda proibida.

Para as comunidades do sul de Moçambique, o fabrico de ukanyi tornou-se numa das actividades que acompanham alguns momentos da sua vida. Com efeito, o ukanyi é indispensável nos eventos sócio-culturais, quer no seio da família, quer das comunidades.

Nas celebrações relacionadas com ukanyi, o seu consumo segue algumas regras costumeiras, nomeadamente três rituais fundamentais (kuphahla ukanyi, xikuwha e kuhayeka mindzeko), ou seja, as fases de abertura, festa e encerramento, respectivamente.

Estes rituais condicionam, na visão comunitária, o sucesso de toda a época de ukanyi, pois, supõe-se que esta bebida também alimenta os antepassados.

Todas as comunidades, independentemente do contexto social, realizam acções de modo a atingirem certa finalidade, seja política, económica ou cultural. Grosso modo, os ritos praticados testemunham a grande necessidade que o Homem tem de estar em harmonia com o cosmos.

Do ponto de vista mais pragmático, o ritual consiste na operacionalização de uma crença ou mais crenças, trazendo à superfície determinadas normas, valores e tradições comunitárias.

É neste contexto que o consumo de algumas bebidas tradicionais no seio das comunidades toma em consideração uma conjugação de factores sócio-culturais inerentes a cada grupo social. O ukanyi não é excepção. O seu consumo observa alguns rituais e mitos transmitidos de geração em geração, na base da oralidade.

Com efeito, para se proceder com o consumo de ukanyi, existem algumas regras a serem respeitadas: é preciso que o chefe de cada comunidade comece, em presença dos seus súbditos, o kuluma (ritual da abertura da época e o seu sentido ritual é tirar por certas cerimónias o carácter nocivo de um certo alimento) e só depois é que estes podem beber livremente nas suas povoações.

Tal acontece até hoje, o consumo liberalizado de ukanyi é antecedido por um ritual de abertura, conduzido por líderes comunitários, onde são evocados os espíritos dos antepassados. Este ritual é designado, de forma genérica por Kuphaha ukanyi.

IMPORTÂNCIA DO CANHOEIRO

O canhoeiro possui uma grande importância para as comunidades. Nalgumas, reveste-se de valores associados à sacralidade, noutras a aspectos políticos utilitários. Estas qualidades, por um lado, tornam esta árvore mítica e especial, no contexto da preservação cultural e, por outro lado, inserem-na na vivência política e quotidiana das comunidades.

A respeito da sacralidade, esta surge como uma tentativa de interpretação do mundo e, sobretudo de busca de tranquilidade espiritual. Trata-se de um fenómeno antigo, adoptado numa primeira fase para o estabelecimento de uma feliz convivência entre o mundo animal e o humano e depois, como uma resposta às dinâmicas societárias.

Com efeito, o canhoeiro acabou fazendo parte da cosmovisão e do modus vivendi das comunidades da África Austral, em geral, e de Moçambique, em particular.

Em suma, embora não seja de carácter obrigatório, variando de comunidade para comunidade, o canhoeiro é usado para as cerimónias de veneração ou evocação de espíritos dos antepassados (localmente, ou melhor, na região sul do país, apelidados por “gandzelo”).

No concernente aos aspectos políticos, o canhoeiro está associado a aspectos como a lealdade às tradições e o respeito aos símbolos comunitários. É neste contexto, que se estabelece a relação entre o canhoeiro e os aspectos políticos, pois, no seio das comunidades, esta árvore simboliza o poder do chefe tradicional.

O canhoeiro é das árvores que os líderes comunitários e seus súbditos se sentam à sua sombra, discutem e resolvem os vários problemas que afectam a comunidade.

Os frutos do canhoeiro em Moçambique caem somente de Janeiro a Março. Nas suas múltiplas utilidades figura também o processamento e fabrico de jam de fruta, doces variados, vinagre e xarope anti-tússico. Entretanto, as comunidades usam mais para o fabrico de sumo.

Refere-se igualmente, que na província da Zambézia, centro do país, os frutos do canhoeiro são colocados ao redor das machambas para afugentar algumas pragas, especialmente os ratos.

APLICAÇÃO MEDICINAL

No âmbito da medicina tradicional, as aplicações do canhoeiro se inserem no domínio do conhecimento tradicional ou local.

As comunidades usam a casca interna para o tratamento da malária, tosse, aftas, hemorróides, bem como no alívio às picadas de escorpiões e cobras. A raiz é usada como antidiarreico. As folhas são fervidas, produzindo-se um chá, usado no tratamento de má-digestão e na cura de dores de ouvido.

A casca do tronco é usada para variados fins medicinais.

TIMONGO

A semente do canhoeiro, localmente designado por “fula” é usada, após o processo do fabrico do sumo (ukanyi) para extrair a amêndoa (timongo) que as comunidades usam como tempero na confecção de diversos alimentos.

A amêndoa, melhor o timongo, é também iguaria, servida para acompanhar o consumo de bebidas alcoólicas ou ara servir a pessoas de importância especial, como o chefe da família, o filho ou o neto mais amado.

O consumo do timongo é um indicador social da posição hierárquica reservada à alguém e, em geral, de admiração ou respeito no quadro das relações de parentesco. Assim, o consumo do timongo permite evidenciar o status social do individuo, distinguindo-o dos demais.

CANÇÕES TÍPICAS: CANÇÃO I

He masseve kundjani
Swakala leswi unga ni mahela swona
He masseve kundjani
Swakala leswi unga ni mahela swona

(Explicação do sentido em português

Minha/meu comadre/compadre
É muito raro o que me proporcionaste)

Hoyo hoyo masseve
Axirwala xa ukanyi xikala ngopfu masseve
Hinga tsama hindau nita kurungulisa

(Explicação do sentido em português
Bem-vindo compadre
Uma oferenda de ukanyi não se ganha todos os dias
Por issso, seja bem-vindo compadre
Sente-se aqui deste lado para saber da vossa saúde)

UMA DAS CANÇÕES QUE SE REFEREM AO EFEITO AFRODISÍACO DO HONGWE

Bava Matavele
Hi nga hi lavela mathando loko litxona
Há hela hi hongwe
Hahela hi hongwé loko litxona
Hahela hi hongwe
Gwelani Matavele a hilavela mathand loko litxona

(Tradução em português)

Senhor Matavela!
Pedimos para nos arranjar companheiros
Porque não suportamos tanta excitação por causa da escória do canhú.

Nanando: a música moçambicana perdeu mais um dos melhores executantes

Morreu na noite de terça-feira (2), vítima de doença, o conceituado guitarrista moçambicano Nanando. Luís Henrique Wilson, de seu nome completo, perdeu a vida no Instituto do Coração, em Maputo, onde se encontrava internado desde quinta-feira, data em que deu entrada queixando-se de fortes dores de cabeça.

Entretanto, os restos mortais de Nanando vão hoje(4) a enterrar, observando-se antes uma missa de corpo presente às 11.30 horas na sede da Associação dos Músicos Moçambicanos e o funeral será as 14.00 horas, no Cemitério da Lhanguene, na cidade de Maputo.

Os médicos diagnosticaram-lhe uma doença grave, entretanto não revelada. Sabe-se, porém, que na noite de terça-feira Nanando teve uma paragem cardíaca e que os médicos ainda tentaram reanimá-lo, mas debalde, acabando por sucumbir à doença.

Duas semanas antes de dar entrada no hospital o guitarrista perdera uma das suas filhas, de nome Luisinha, mas os médicos avançam que a morte da filha pouco ou nada tem a ver com a deterioração do seu estado saúde que acabaria lhe retirando a vida.

Excelente executante de afro-jazz, Nanando fez da marrabenta a sua bandeira artística, tendo integrado bandas como Hokolokwè e Franze Bappa.

Chegou a fazer parte do agrupamento Ghorwane, para além de ter trabalhado muitos anos na África do Sul e na Suazilândia. Depois da desintegração de Hokolokwè, Nanando fundou, com outros elementos, a banda Ngalanga. Mais recentemente Nanando trabalhava num projecto musical que leva o seu nome: Nanando Project. Realizou igualmente vários concertos musicais, sendo que num dos quais contou com a participação do agrupamento Majescoral.

Nascido no Bairro de Chamanculo, cidade de Maputo, a 1 de Abril de 1960, onde aprendeu a dar os seus primeiros toques na guitarra, muito inspirado por Jaimito Mahlatine, Nanando é considerado professor de guitarra de Jimmy Dludlu, em virtude de ter sido ele que lhe iniciou nesta área. Faz parte de uma geração de artistas de ouro do nosso país, tendo sido uma das faces mais visíveis dos concertos que os músicos moçambicanos realizam nas casas de pasto, onde a música de fusão é o prato mais forte.

Nanando conseguiu igualmente fazer a fusão do estilo tradicional ximandje-mandje com o jazz e a marrabenta.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Beyoncé faz história no Grammy e leva seis prêmios

Beyoncé marcou um novo recorde na premiação do Grammy na noite do domingo, 31. A cantora americana ganhou seis estatuetas numa única noite, inclusive a de melhor canção do ano com a música "Single Ladies", e com este feito é a mulher que mais foi premiada numa única edição. Mas o principal prêmio da noite, o de melhor álbum, foi para Taylor Swift pelo trabalho 'Fearless'.

Aos 28 anos, Beyoncé chegou como favorita com dez indicações e viveu a sua grande noite na premiação da 52.ª edição do Grammy, considerado o Oscar da música americana. Venceu, além de melhor canção, como melhor performance de cantora feminina de R&B, com "Single Ladies (Put a Ring On It)", melhor performance cantora tradicional de R&B, com "At Last", melhor música de R&B, também por "Single Ladies (Put a Ring On It)", e melhor álbum de R&B contemporâneo, por "I Am… Sasha Fierse".

A rainha da festa apresentou o seu número musical logo no início da cerimônia, pouco depois da abertura feita dos performáticos Elton John de óculos prateados e Lady Gaga, ambos com os rostos sujos de tinta, cantaram e tocaram juntos com um piano de frente para o outro um dos maiores hits do cantor e compositor, Your Song. Os pontos altos dos shows foram de Beyoncé e de The Black Eyed Peas, com sua "I Gotta a Feeling', em noite repleta de apresentações.

"Muito obrigado. Esta foi uma noite incrível para mim", declarou a cantora, que aproveitou para agradecer a todos os fãs pelo apoio que ela recebeu durante o último ano.

A jovem de 20 anos, Taylor Swift, que vem se destacando no cenário country, surpreendeu a plateia ao levar o prêmio de Melhor Álbum, desbancando as divas Beyoncé e Lady Gaga e disputando ainda com pesos pesados The Black Eyed Peas e Dave Matthews band. A cantora levou também os troféus de melhor interpretação vocal feminina e melhor canção com "White Horse", todos na modalidade de música country.

Nos seus discursos de agradecimento Taylor lembrou que no colégio as amigas diziam que ainda a veriam no Grammy e nesta noite ela realizava o que considerava "seu sonho impossível". Dedicou ainda o prêmio ao pai "por sempre ter dito que eu poderia fazer tudo o que quisesse. Essa história eu contarei para os meus netos. Muito obrigada", disse Taylor Swift ao receber o prêmio.

Já Lady Gaga, que vem sendo chamada de a nova Madonna, e conquistado legião de fãs levou apenas os prêmios de Melhor Gravação de Dance por "Poker Face' e Melhor Álbum de Dance/Eletrônica, com 'The Fame'.

Durante a premiação, um dos momentos mais emotivos da cerimônia foi o tributo especial a Michael Jackson, com imagens em 3D de parte da turnê que o cantor faria antes de morrer em junho do ano passado. Aplaudidos pela platéia em pé, os seus filhos mais velhos, Prince e París, receberam um troféu em homenagem à trajectória do cantor.

Prince disse que eles tinham orgulho de estar ali a representar o seu pai, Michael Jackson. Emocionou-se ao agradecer a Deus por cuidar deles e aos avós pelo apoio nos últimos sete meses. "Também gostaríamos de agradecer aos fãs, a quem nosso o pai amava demais. O nosso pai sempre se preocupou com o planeta e a humanidade e ajudava os outros. Em todas as suas músicas a mensagem era simples: amor. Continuaremos a divulgar a sua mensagem e a ajudar as pessoas", concluiu Prince. "Era para o meu pai estar aqui hoje, ele ia se apresentar este ano". Ambos se despediram com um "obrigado, amamos-te pai".

Confira a lista dos principais vencedores

* Álbum do Ano
'Fearless' - Taylor Swift
* Música do Ano
'Single Ladies (Put A Ring On It)' - Beyoncé
* Gravação do Ano
'Use Somebody' - Kings Of Leon
* Revelação - 
Zac Brown Band

Categorias Pop

* Melhor Cantora (performances solos) 
Beyoncé - "Halo"
* Melhor Cantor (performances solos)
 Jason Mraz - "Make It Mine"
* Melhor Performance em dueto ou grupo
The Black Eyed Peas - "I Gotta Feeling"
* Melhor Colaboração Pop com vocais
Jason Mraz e Colbie Caillat - "Lucky"
* Melhor Performance Pop Instrumental
 Béla Felck - "Throw Down Your Heart"
* Melhor Álbum Pop Instrumental 
"Potato Hole" - Booker T. Jones
* Melhor Álbum Pop Vocal
"The E.N.D." - The Black Eyed Peas

Categoria Rock

* Melhor Performance Solo 
Bruce Springsteen - "Working On A Dream"
* Melhor Performance em dueto ou grupo
Kings of Leon - "Use Somebody"
* Melhor Hard Rock Performance
AC/DC - "War Machine"
* Melhor Performance Metal
Judas Priest - "Dissident Aggressor"
* Melhor Música Rock
"Use Somebody" - Kings Of Leon
* Melhor Álbum Rock
"21st Century Breakdown" - Green Day