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sábado, 6 de agosto de 2011

Ilha de Moçambique: Dificuldades naturais e humanas não impedem a vontade de investir no turismo

A Ilha de Moçambique, na Província de Nampula, tem sido um ponto de convergência de turistas de vários pontos do mundo, atraídos pela sua diversidade cultural, espectacularidade das suas praias e, sobretudo, pela raridade do traço arquitectónico dos seus edifícios, alguns dos quais com mais de 500 anos de existência. Daí ter sido declarada património da mundial da humanidade, em 1991 pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

O aspecto de ruína desta que foi a primeira capital de Moçambique está a ser alterada com o aparecimento de alguns novos edifícios, maioritariamente destinados ao turismo. Só este ano, as autoridades municipais da Ilha de Moçambique falam do surgimento de pelo menos três estâncias turísticas, entre pequenas e médias, com potencial para a criação de mais de 40 postos de trabalho.

O principal problema para a optimização destas inicativas reside fundamentalmente na logística: quase todos os produtos industriais que são servidos aos turistas só podem ser adquiridos ou na cidade de Nampula ou em Nacala, locais distantes uns bons quilómetros.

O constrangimento logístico é também devido às restrições de peso impostos na ponte que dá acesso à ilha, o que obriga os agentes económicos a ter que transportar as mercadorias em pequenas quantidades, a partir do Lumbo até ilha, o que só pode ser feito apenas com viaturas ligeiras. Mas isso não impede que os investidores apliquem o seu dinheiro porque acreditam que aquele local é ponto estratégico para os seus negócios.

Curiosamente, entre os habitantes da ilha são poucas as pessoas que têm no turismo a sua principal actividade de renda, sendo que a maioria se dedica fundamentalmente ao pequenos comércio e à produção de sal. Os jovens empreendedores locais, que recentemente se reuniram com o ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, consideraram a actividade turística como sendo algo que exige habilidades adicionais, para além de que a clientela é maioriatariamente estrangeira.

Nova estância em construção

DC Terblanche é um empresário que apesar das dificuldades logísticas e do deficiente saneamento de meio, nalguns bairros, acredita na viabilidade da Ilha de Moçambique como destino turístico. É de origem sul-africana. Na Ilha de Moçambique está a construir um restaurante/bar mesmo junto a praia, com capacidade para cerca de 300 pessoas.

Até ao estágio actual das obras, o empreendedor diz ter investido mais de dois milhões de randes, esperando que até ao fim da construção sejam gastos outros dois milhões. Na fase de laboração, segundo garantias dadas por DC Terblanche, a estância poderá empregar pelo menos 40 pessoas, número que poderá subir com o andar do tempo, já que estão previstos outros projectos paralelos ao principal.

A obra está a ser executada no meio de muitas dificuldades, por um lado a falta água e, por outro, custo alto do material de construção, que tem só pode ser adquirido, à semelhança de outros produtos, em Nampula ou Nacala.

“Mesmo assim a Ilha continua a levar alguma vantagem em relação à Ponta D’ouro sem grandes oportunidades para comprar seja o que for. É preciso ir a Maputo por tudo e por nada. Na Ilha temos uma estrada asfaltada, daí que ir à Nacala ou à Nampula não é muito difícil”, DC Terblanche.

Sobre o o seu interesse na Ilha de Moçambique, Terblanche afirma que reside no facto de que “se trata de um património mundial que é tudo para o turismo. Pode trazer qualquer cliente para aqui, porque todos querem visitar a fortaleza São Sebastião e ver golfinhos”. Explicou que na Ilha de Moçambique a afluência de turistas tem um carácter sazonal. “Agora estamos no período de turistas, mas há um mês não estava cá ninguém”, referiu.

DC Terblanche descobriu a oportunidade de investimento numa das suas visitas de férias à Ilha de Moçambique. Até então o seu contacto com Moçambique limitava-se à Ponta D’ouro, sul da província do Maputo, onde ele detém uma estância turística.

(Com jornal Notícias de Maputo)

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