“Habitat”- Volker Schnuttgen, Labor Gras & Guests
Um escultor alemão que dá aulas na cidade portuguesa do Porto, um reputado pintor moçambicano e um músico luso-angolano que inventa os seus instrumentos, vão dar “um passo com unha” em troncos de chanfuta, que começaram a ser trabalhados em Maputo.
O pontapé de saída coube a Volker Schnuettgen, alemão que vive em Sintra e lecciona em Belas Artes no Porto, e que todos os dias, enquanto a luz do sol o permite, trabalha com uma serra eléctrica a chanfuta, uma “madeira nobre” da região.
“Decidimos fazer um projecto em conjunto, no qual vamos criar peças em co-autoria”, disse Volker, sobre a sua parceria com Idasse, pintor moçambicano que conhece de outras iniciativas comuns realizadas em Portugal e na Alemanha.
Idasse será o próximo a trabalhar na chanfuta, pintando partes que Volker vai preparando, num projecto que foi buscar o título a um jogo infantil.
“Um jogo com unha é uma medida de jogo de berlindes, é uma medida que faz com que se partilhe um ideal, um projecto que inclui escultura, pintura e música, ou seja, uma escultura pintada e musicada”, explicou Idasse, sobre o título que encontrou para a obra a “seis mãos”.
A intervenção dos dois artistas será mais tarde complementada com o trabalho de Vítor Gama, um músico de renome internacional e que inventa e produz grande parte dos instrumentos que executa.
“Pensámos que África tem muito a ver com música, com ritmo, e que seria interessante convidar um músico e chegámos à conclusão que a pessoa certa é o Vítor Gama”, afirmou Volker.
Idasse explicou a vantagem das parcerias com um cenário do quotidiano de muitos artistas: “Há determinadas alturas em que a gente fica engasgado, em que às vezes não tem solução, mas que o companheiro a possa ter”.
O projecto ainda vai durar até ao Verão do próximo ano, altura em que ficarão prontos — esculpidos, pintados e musicados — os quatro troncos de chanfuta, que por agora Volker trabalha no pouco cuidado jardim do Museu Nacional de Arte de Maputo, paredes-meias com um atelier de escultores macondes.
“Já estive aqui a trabalhar há dois anos, com cinco moçambicanos, dois dos quais escultores. Também temos aqui os escultores macondes que trabalham pau-preto mas, apesar desta diferença artística e cultural, há uma conversa, há um diálogo”, garantiu Volker.
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