
Para Mark Bauerlein, professor da Universidade Emory, em Atlanta, e ex-director de Pesquisa e Análise na Fundação Nacional para as Artes, são as "distracções digitais" como mensagens instantâneas, sites de relacionamento como Orkut, MySpace e Facebook, e mensagens de texto pelo celular que estão emburrecendo a juventude. No seu livro The dumbest generation: How the digital age stupefies young americans and jeopardizes our future (A mais burra das gerações: como a era digital esta emburrecendo os jovens americanos e a ameaçar o nosso futuro), que acaba de ser lançado e vem causando polêmica, Bauerlein argumenta que o excesso das chamadas "distrações digitais" está por trás da crescente falta de cultura dos jovens.
"Os jovens de hoje são tão mentalmente competentes quanto os de 20 anos atrás, e têm muito mais oportunidades de adquirir conhecimentos, mas eles estão a deixar de lado os hábitos intelectuais e a dedicaem-se cada vez mais à comunicações ?peer to peer? (compartilhamento de arquivos online)", disse Bauerlein. "Se você entra no quarto de um jovem de 15 anos vai encontrar o iPod, TV, computador, videogame, e tudo isso vem antes do livro na escala de prioridades."
De acordo com o Panorama de Aplicação dos Estudantes, 55% dos alunos de ensino médio estudam ou lêem menos de uma hora por semana. Em contrapartida, passam nove horas navegando em sites de relacionamento. Estudo de 2005 da Kaiser Foundation mostra que, num dia, em média, jovens de 8 a 18 anos assistem à TV durante 3 horas e 4 minutos, passam 48 minutos navegando na internet, 14 minutos lendo revistas, 23 minutos lendo livros, 49 minutos jogando videogame, 32 minutos assistindo a DVD. "Eles tiraram toda a sua concentração de livros, revistas, jornais ou museus e se transferiram para diversões virtuais."
Mas será que todos esses instrumentos digitais não trazem conhecimento também? "Se eles usassem a internet para entrar no site da Galeria Nacional de Artes, seria maravilhoso; mas nove dos dez endereços de internet mais visitados por jovens são de sites de relacionamento, segundo a Nielsen."
O problema, alerta Bauerlein, não é a tecnologia, mas o uso que se faz dela. "Os adolescentes de 15 anos só se importam com o que outros adolescentes pensam. Isso sempre foi assim. Mas hoje a tecnologia permite que os adolescentes estejam em contacto entre eles, excluindo os adultos, 24 horas por dia." Os jovens ficam em contacto o dia inteiro, por meio do celular, páginas da internet, mensagens instantâneas. "A tecnologia ligou os jovens de uma forma tão intensa que os relacionamentos com adultos estão a diminuir. Eles estão cada vez menos maduros, prolongando a adolescência até os 30 anos."
E como lidar com essa omnipresença de distrações digitais? "Não se trata de eliminar esses instrumentos da vida dos jovens, não se pode fazer isso; mas é preciso chegar a um equilíbrio", diz. "Os pais deveriam estabelecer um determinado período, por exemplo, uma hora por dia, em que jovens e adultos precisam estar totalmente desconectados de qualquer coisa, e se dedicam a ler."
E nada de fazer mais de uma tarefa ao mesmo tempo - falar no celular e mandar e-mail, ouvir música e navegar. Para ele, essa é uma das pragas modernas. "Uma pessoa não consegue ler enquanto faz outra coisa."(X)
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