
"Toda a minha vida, como ouvinte, não fui puramente clássica. Vivi em três países, em três continentes diferentes, e cresci com esta concepção multicultural do mundo. E acho que faz sentido para qualquer artista procurar expressar-se da forma mais completa possível. Esta, suponho, é a minha", sintetiza Anoushka. Por esta, entenda-se a música que leva a palco com o Anoushka Shankar Project, ensaio de uma ponte entre as raga, formas da tradição clássica indiana, e a música ocidental. Desde logo, na formação que acompanha a sua cítara: tablas, tampura e flauta bansuri convivem com um piano e um violoncelo. Mas também na própria linguagem da sua composição, claramente contaminada de influências ocidentais e contemporâneas.
Aos 27 anos, Anoushka já gravou três álbuns de raga (Anoushka, 1998, Anourag, 1999, e Live at the Carnegie Hall, 2001), com os quais presta provas irrefutáveis do virtuosismo com que domina a cítara que começou a tocar aos nove anos - e por eles foi nomeada para um Grammy (curiosamente, em 2003, no mesmo ano em que a irmã levou oito grafonolas para casa); um outro fusão com a electrónica (Rise, 2005), pelo qual recebeu nova nomeação na categoria de Melhor Álbum Contemporâneo de World Music; e um outro ainda em parceria com o compositor e multinstrumentista Karsh Kale (Breathing Under Water, 2007), em que convocou as participações de todas as suas sombras: Ravi compõe, Norah compõe e canta, Sting canta. Anoushka compõe, escreve, canta, arranja, produz. E com ele parece ter se emancipado definitivamente.(X)
Sem comentários:
Enviar um comentário