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segunda-feira, 2 de junho de 2008

Picasso esperava ser reconhecido também como escritor

Pablo Picasso, grande nome da pintura e das artes do século XX, também gostaria de ser lembrado para a posteridade como um nome importante da literatura.
Nos anos 50, Picasso confessou a um amigo, o fotógrafo Roberto Otero, frase que marcou esse desejo: "Creio que a minha obra como escritor é tão extensa como a de pintor. Materialmente, dediquei o mesmo tempo a ambas actividades. Quem sabe algum dia, quando eu desaparecer, serei descrito nos diccionários de tal forma. Pablo Ruiz Picasso: poeta e autor dramático espanhol", conta o jornal espanhol El País.
O episódio é contado por Enrique Mallén, pesquisador que se dedica ao estudo da obra literária de Picasso.
Mallén, professor universitário da Sam Houston State University, nos Estados Unidos, explica que os poemas de Picasso são como quadros cubistas: tem distintas interpretações segundo cada linha lida, são textos abertos. "Em termos literários, Picasso me parece fascinante. As suas poesias escondem múltiplos significados; é inovador, de vanguarda, uma mina a ser explorada". O periódico espanhol descreve a escrita de Picasso como se desafiasse em ritmo de tourada todas as convenções gramaticais e ortográficas, pintando com as palavras e escrevendo com cores.
A escrita era tida para Picasso como uma válvula de escape frente a uma situação pessoal convulsa, em momentos de estancamento criativo e durante um período histórico que anunciava tormentas. Em 1935, ele estava a divorciar-se da bailarina Olga Koklova, não podia pintar, estava deprimido. Supõe-se que o seu primeiro poema é dessa época.
Marie-Laure Bernadac dedicou nove anos da sua vida à pesquisa do Picasso escritor. Ela manteve contacto com os herdeiros do pintor espanhol e recompilou velhos exemplares da revista Cahiers d´Art. Foi encarregada dos arquivos da pinacoteca do que seria o Museu Picasso de Paris e foi a primeira a compilar o material literário de Picasso. Em 1989, ela editou a obra de referência dos escritos de Picasso, Écrits (Gallimard), com 340 textos poéticos e duas obras de teatro.
“A sua poesia é muito confidencial, muito privada, esconde muitas coisas. Fala da sua vida com uma liberdade total, faz alusões terríveis a sua vida privada, a sua infância, mesclada a reflexões políticas. É apaixonante", diz ela.(X)

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