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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Vítimas da xenofobia na RAS: Ajuda Externa? NÃO OBRIGADO

Assim mesmo, sem papas na língua: “Não precisamos da ajuda externa” e “só em caso de desespero total”.
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Quem assim falou foi Oldemiro Baloi, o titular da pasta dos negócios estrangeiros.
Baloi não podia ter sido mais contudente.
É que, segundo ele, algumas entidades não específicadas – se governamentais ou não, se nacionais ou estrangeiras, não o referiu – apressaram-se a acenar ao governo moçambicano com os seus préstimos para ajudar as milhares de vítimas da violência contra estrangeiros, entre os quais moçambicanos, na África do Sul.
Baloi, pelo que depreendi, quiz dizer que os moçambicanos, tal como aconteceu nas últimas cheias no centro do país, têm que se valer a si próprios, com as poucas mas nossas capacidades, para mitigar os desastres naturais ou fenómenos nefastos como estes que temos vindo a viver nos últimos dias.
Quer dizer: a vergonha da “mão estendida”, ou de “estou pidir” já não pode ser tolerada entre nós. Basta.
Esgotemos primeiro as nossas possibilidades internas e só depois, e se fôr o caso, é que pediremos ajuda dos outros. Outros que, se o desejarem, podem muito bem doar o que quer que seja, sem que para tal os moçambicanos o tenham solicitado. Afinal, qualquer ajuda, nunca é demais.
Está aí mais um exemplo da auto-estima que os moçambicanos devem, nos dias de hoje, desenvolver. Uma auto-estima que, infelizmente, anda muito por baixo em vários sectores da nossa sociedade, na contra-mão do que o actual governo prega: Sermos nós próprios e não moçambicanos de plástico, virtualmente conectados com valores e símbolos que nos não identificam como um povo e, o que é pior, a aceitar que produtos culturais que serviram para nos alienar no passado estejam a hoje a ser deliberadamente branqueados. Até em meios que, pelo seu estatuto público, deviam estar na liderança da afirmação da nossa moçambicanidade. Os “Gloriosos” feitos àguias ou os “Tripeiros” nas entranhas dos dragões, sabem do que estou a falar...
Voltando à vaca fria, e ainda a propósito da chamada “ajuda externa”, não deixaria de chamar a atenção para um caso caricato que se deu algures num distrito da província de Sofala, aquando das últimas cheias. Noticiado pela Rádio Moçambique, mesmo assim passou despercebido: uma organização estrangeira abandonou à sua sorte e até a morte uns tantos sero-positivos a quem apoiava com anti-retrovirais. Interrompeu a sua acção, saiu a correr do distrito, mobilizou-se para ajudar as vítimas das cheias e, os seropositivos abandonados, desprovidos dos “cocktails” foram minguando, minguando, até sucumbir. Um a um, dia após dia.
Dá para concluir: há gente, nacional ou não, que mais se parece com abutres esvoaçando os nossos céus a perscrutar algum sinal de calamidade natural para, em caso disso, acenarem: “estamos aqui para vos ajudar”. Dá para perguntar: quanto nos custa essa boa vontade?
Ouvinte, aí é que a porca torce a cauda.(X)

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