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terça-feira, 27 de maio de 2008

Morre o cineasta Sydney Pollack

Ganhador dos Oscars de melhor Filme e Direção por 'Entre dois Amores', Pollack foi vítima de câncer

LOS ANGELES - O premiado director, actor e produtor Sydney Pollack morreu na manhã desta segunda-feira, 26, aos 73 anos. Pollack foi vítima de cancro, segundo informações da agente do director, Leslee Dart.
Pollack morreu em sua casa em Los Angeles. O grande sucesso do director é o filme “Africa Minha” (Out of África, de 1985), com Robert Redford e Meryl Streep, longa-metragem que arrebatou 7 Oscars, entre eles o de melhor Direcção e Filme para Pollack. Foi também foi indicado ao Oscar por “Tootsie” (1982) e “A noite dos desesperados” (1969).
Como actor, Pollack participou em vários filmes, como “De olhos bem fechados” (Eyes Wide Shut), do director Stanley Kubrick. Um dos seus últimos trabalhos, no qual actuou como actor e produtor, foi a longa-metragem “Conduta de Risco”, lançada este ano e que recebeu sete indicações ao Oscar, incluindo o de melhor filme e melhor actor para George Clooney.
No seu premiado “Entre dois Amores”, Pollack conta a história do relacionamento entre o caçador Denis Finch Hatton (Robert Redford) e a baronesa Karen Blixen (Meryl Streep). A proximidade do director com os actores, aliás, favoreceu a criação de um clima mais íntimo entre os personagens, necessário para contrastar com a imensidão africana.
"Foi um projecto que passou de mão em mão por mais de duas décadas, alguns com roteiros medíocres", explicou Pollack em entrevista ao “Estado”. Trata-se do filme mais sentimental de Pollack, cuja expressão maior está na cena que se tornou a marca da obra: o momento em que convida a baronesa para passear num vôo sobre as savanas africanas próximas do local que ela habita, no Quênia.
O passeio marca ainda o início de um novo relacionamento - quando eles se dão as mãos em pleno vôo, o espectador já sabe que aquela mulher casada vai se apaixonar pelo aventureiro sedutor. Uma alteração que acontecerá também na sua vida profissional, pois ela mais tarde se transformará na grande escritora escondida por trás de um pseudônimo masculino, Isak Dinesen.
"Antes mesmo desta versão abortada, o filme já havia sido desenvolvido por David Lean e Orson Welles, que mais tarde abandonariam o barco também", explica. E o director surge com outra revelação: “A Noite dos Desesperados”, um dos seus primeiros grandes sucessos em Hollywood, foi por muitos anos desenvolvido por Charles Chaplin.
Maratona de dança
A “Noite dos Desesperados” é um dos filmes mais elogiados do diretor. Durante a depressão econômica dos anos 30, nos EUA, vários casais participam numa maratona de dança.
A longa-metragem é uma adaptação do romance de Horace McCoy sobre uma maratona de danças durante a crise. Pollack tece uma forte crítica neste que é um dos seus melhores filmes. A sequência da corrida em câmera lenta é dos grandes momentos do cinema da década de 60.
Jane Fonda incorpora a actriz ambiciosa que faz par com um rapaz simplório (Michael Sarrazin). Fonda foi indicada para o Oscar pelo papel, mas quem ganhou o prêmio, como melhor actor coadjuvante, foi Gig Young, que faz de animador da competição.
Comédia
Versátil, Pollack dirigiu drama, suspense, westerns e comédia. Tootsie, um dos seus maiores sucessos, é uma clássica comédia que conta a história de Michael Dorsey (Hoffman), actor perfeccionista que não consegue um papel devido ao seu temperamento. O seu empresário (interpretado pelo próprio Pollack) diz que o seu gênio é um impeditivo para prosseguir na carreira.
Então ele decide vestir-se de mulher e, sob o nome de Dorothy Michaels, consegue um papel numa novela diurna que vira um grande sucesso. O problema é que ele se apaixona por Julie (Jessica Lange), actriz da novela em que trabalha.
Vive, então, um dilema: se ele se declarar, a carreira em ascensão toma a direcção contrária. O filme ganhou o Oscar de melhor actriz coadjuvante (Jessica Lange), outras nove indicações e três Globos de Ouro.
Parceria com Robert Redford
Com o passar dos anos, tornou-se um homem com grande visão de mercado, produzindo obras cuja receita era ideal para abocanhar muitos prêmios e sucesso de público, como “A Firma”, com Tom Cruise e a Intérprete, com Nicole Kidman, ainda que não mais repetisse a sensibilidade de esteta e humanista que mostrou nos seus melhores momentos
Um deles foi “Mais Forte Que a Vingança”, que narra a tragédia na fronteira da civilização. Quando “Dança com Lobos” ganhou o Oscar em 1990, não foram poucos os críticos que lembraram o antecessor do belo western de Kevin Costner. Mais Forte Que a Vingança (Jeremiah Johnson no original), é a obra-prima da dupla Pollack e Redford. É um dos grandes filmes americanos dos anos 70. Com base na lenda de Jeremiah Johnson, que enfrentou sozinho os índios crous, Pollack fez um western em que a consciência supera a força e o tema é o próprio conceito de civilização, com as suas frágeis fronteiras. Mais Forte Que a Vingança ainda acabou por deixar um outro legado para o cinema. Foi feito no mesmo cenário que Redford transformou em reserva ecológica, no estado de Utah, e onde ocorre o Sundance Festival, que incentiva jovens criadores do cinema.
Outro momento marcante de Pollack é com “Nosso Amor de Ontem”, com Barbra Streisand, e Robert Redford. Foi o terceiro dos sete filmes que o director e o actor fizeram juntos (após Esta Mulher É Proibida e Mais Forte Que a Vingança e antes de Os Três Dias do Condor, O Cavaleiro Eléctrico, Entre Dois Amores e Havana). O filme levou os Oscars de trilha e canção. “Nosso Amor de Ontem” cobre mais de 20 anos da vida americana. Começa nos anos 1930 e chega aos 50, tratando do macarthismo. O título da bonita música, cantada por Barbra não poderia ser mais adequado: The Way We Were. O jeito que éramos, o jeito como Pollack era bom.(X)

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