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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Em campanha histórica, Obama inova e quabra recordes

Gabriel Pinheiro - estadao.com.br

A campanha do candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, ficará na história dos Estados Unidos por vários factores. Primeiro negro com chances de chegar à Presidência, ele também foi o primeiro candidato a dispensar o financiamento público das campanhas eleitorais, optando apenas pelas contribuições dos seus apoiantes - com isso, recebeu mais de US$ 600 milhões até setembro, um recorde de arrecadação. O senador por Illinois ainda precisou vencer Hillary Clinton nas eleições primárias mais disputadas de que se tem notícia para se tornar a escolha presidencial democrata, e explorou como ninguém um poderoso recurso que esteve presente durante toda a sua campanha: a internet.

Foi principalmente através da rede mundial de computadores que o democrata pediu contribuições, em vídeos nos quais ele se dirigia directamente ao eleitorado. Milhões de pequenas contribuições realizadas no site de Obama deram-lhe vantagem significativa sobre o rival republicano John McCain em publicidade. Com mais dinheiro em caixa, na recta final da campanha ele pôde, por exemplo, comprar meia hora de espaço em grandes emissoras americanas para mostrar em rede porquê era a melhor escolha para o país.

Recusar o financiamento público foi um risco: criado em 1976, o sistema poderia assegurar ao candidato mais de US$ 80 milhões em contribuições nos últimos e cruciais meses da corrida presidencial. Confiando na sua capacidade de mobilizar o eleitorado, demonstrada desde as primárias democratas, Obama justificou a sua opção dizendo que "o financiamento público como existe hoje está falido". Ao anunciar a decisão também aproveitou para atacar McCain, ao afirmar que o Comitê Nacional Republicano está a ser alimentado por "lobistas de Washington e grupos com interesses especiais."

Propostas

A campanha do democrata defendeu essencialmente a mudança nos rumos do país. Aproveitando a impopularidade do governo de George W. Bush, Obama tentou capitalizar votos mostrando-se como uma nova opção para Washington.

Na política externa, por exemplo, ele defende muitas vezes o diálogo em vez de acções militares - numa nação enfadada pelas caras guerras sem previsão de final no Iraque e Afeganistão, a proposta foi bem-recebida por muitos sectores da sociedade. O argumento foi imediatamente criticado por McCain, que acusa o rival de querer "negociar sem condições prévias com terroristas" e representar um risco para os Estados Unidos ao querer colocar tudo a perder nos países árabes na guerra contra o terrorismo.

Os recorrentes ataques da campanha republicana sobre o despreparo de Obama para enfrentar as questões de segurança nacional levaram o democrata a optar pelo senador Joe Biden, com indiscutível experiência em política externa acumulada em mais de três décadas no Senado, para vice-candidato. Considerado experiente nas questões externas graças a uma longa actuação nas Forças Armadas, McCain classificou a escolha de Biden como "sábia", mas logo destacou que ele e o vice democrata tem visões "muito diferentes" do cenário global.

A crise econômica, que eclodiu nos últimos meses da disputa, parece ter sido outro factor que veio a favor de Obama. Enquanto o Congresso discutia a aprovação do pacote de US$ 700 bilhões para resgatar o mercado de crédito, o democrata começou uma massiva campanha para relacionar a Bush a McCain, reforçando que o senador pelo Arizona votou várias vezes a favor das medidas do presidente que levaram ao colapso econômico.

O discurso foi bem aceite pelos eleitores e em pouco tempo diversas pesquisas no país apontavam que Obama era visto como o candidato com as melhores propostas para salvar a economia americana.

Questão racial

Embora abordado de forma velada, o facto de Obama ser negro não ficou de lado na disputa presidencial. Em março, o democrata disse num discurso na Filadélfia, ainda nas eleições primárias, que "em vários momentos, a imprensa me definiu como negro demais ou negro de menos". Em julho, ele alertou aos eleitores para o preconceito que poderia tomar conta da eleição. "Vocês sabem, ‘ele não é patriota o suficiente, ele tem nome engraçado, ele não se parece com todos os outros presidentes que estão nas notas do dólar’", afirmou Obama num comício no Missouri.

A campanha de McCain não mordeu a isca e não usou explorou a temática racial contra o democrata, concentrando-se em retratar o rival como inexperiente. Ao longo da corrida à Casa Branca, o republicano questionou as credenciais de Obama, tentando suscitar nos eleitores o medo de um possível governo do senador de 47 anos que estreou na política nacional há apenas quatro anos.

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