RÁDIO MOÇAMBIQUE

RÁDIO MOÇAMBIQUE
CLICA NA IMAGEM. NOTÍCIAS ACTUAIS DO PAÍS

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Em dez anos o Sudeste asiático revelou mil espécies, quantas mais esconderá?

Onze milhões de anos depois, num mercado do Laos no Sudeste da Ásia, cientistas descobriram um mamífero à venda que já ninguém esperava que existisse. Primeiro pensaram que fizesse parte de uma nova família de mamíferos, depois perceberam que a família já tinha sido descrita a partir de fósseis e estava extinta há mais de dez milhões de anos.


Mas não, o kha-nyou (nome na língua local) está vivo, foi fotografado e filmado, e é uma das 1068 novas espécies que se descobriram no sudeste asiático, na última década. Os resultados foram reunidos num relatório do Fundo Mundial da Natureza (WWF) publicado na segunda-feira.


Entre 1997 e 2007, os cientistas encontraram 519 plantas, 279 peixes, 88 rãs, 88 aranhas, 46 lagartos, 22 serpentes, 15 mamíferos, quatro aves, quatro tartarugas, duas salamandras e um sapo. Há espécies novas para todos os gostos, algumas tão pontualmente localizadas que podiam ser alvo de expedições comparáveis à procura do Santo Graal. A Leptolalax sungi, por exemplo, é uma rã com os olhos dourados que foi recolhida na montanha de Tam Dao, no Vietname do Norte, a 925 metros de altitude. Só existe nas redondezas de um único ribeiro, perto da aldeia de Tam Dao.


Nos invertebrados, o Desmoxytes purpurosea é um dos mais fotogénicos. O milípede (“primo” das centopeias) cor-de-rosa, quase fluorescente — para avisar que é venenoso —, foi encontrado em 2007 na Tailândia.A região de Mekong conta com 430 mamíferos, e 70 só existem aqui. Por isso, a descoberta de 15 novas espécies em dez anos faz com que os cientistas acreditem que muita biodiversidade ainda está por descobrir. Aliás, o nome do relatório chama-se First Contact in the Greater Mekong, que remete para a ideia de que esta empreitada foi só o início.


A região, que aglutina 320 milhões de pessoas, é uma das mais ameaçadas no mundo. O desenvolvimento económico, o aumento populacional e os padrões de consumo da região vão nos próximos anos pressionar o rio Mekong através da agricultura, da indústria madeireira, do comércio de espécies selvagens e da pesca. Como se não bastasse, prevê-se que o Sudeste asiático seja das regiões mais afectadas pelas alterações climáticas.

Sem comentários: