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terça-feira, 10 de junho de 2008

Crescimento económico de Moçambique cai de 7,2 por cento para 6,7 por cento em 2009

Cidade do Cabo, 10 Jun - O crescimento económico dos países africanos de expressão portuguesa deverá acompanhar o abrandamento global do desempenho do continente, que cairá de 6,3 por cento este ano para 5,6 por cento em 2009, segundo o Banco Mundial.

Nos termos do relatório "Desenvolvimento Global", hoje divulgado pelo Banco Mundial (BM) à margem da conferência anual da organização dedicada ao desenvolvimento (ABCDE), a decorrer de segunda a quarta-feira na Cidade do Cabo, África do Sul, o crescimento económico em Moçambique descerá de 7,2 por cento em 2008, para 6,7 por cento em 2009 e 6,6 por cento em 2010.
Em Cabo Verde a tendência será semelhante: 7,1 por cento de crescimento este ano, 6,9 por cento em 2009 e 6,4 por cento em 2010.
Angola terá, nas previsões do BM, a queda mais acentuada, passando de uma previsão de crescimento de 25,4 por cento este ano para 6,7 por cento em 2009, voltando a subir para 10,2 por cento em 2010 - oscilação que, de acordo com Hans Timmer, co-autor do relatório, reflecte quase integralmente o desempenho da produção petrolífera".
A Guiné-Bissau será o único país lusófono africano a crescer, embora timidamente, nos próximos anos, de acordo com o BM: 2,9 por cento em 2008, 3,3 por cento em 2009, 3,4 por cento em 2010.
No relatório hoje divulgado o BM realça que a taxa e crescimento prevista para o continente africano em 2008, 6,3 por cento, é, ainda assim, "a mais elevada em 38 anos" - mesmo o crescimento previsto para 2010, 5,9 por cento, está "ligeiramente acima da média dos últimos cinco anos".
A resistência dos países africanos - e, genericamente, dos países em desenvolvimento - ao mais pronunciado abrandamento económico global está relacionado com o facto de terem alcançado "fundamentais económicos mais saudáveis" e de estarem pouco expostos à crise no sistema financeiro internacional originada nos Estados Unidos.
Entre os riscos para as economias africanas, o BM destaca as "pressões inflacionistas" identificadas para 2008, face à escalada internacional no preço dos alimentos e do petróleo.
"A inflação acelerou de forma pronunciada nos primeiros meses de 2008 num conjunto significativo de países da região, reflectindo o aumento significativo do preço dos alimentos e os custos acrescidos dos transportes e electricidade. As pressões inflacionistas estão a subir em espiral", pode ler-se no relatório.
Neste âmbito, o BM alerta para o "risco de se repetirem os tumultos" verificados em alguns países com o encarecimento do custo de vida, apesar de actualmente as tensões sociais "terem sido aparentemente atenuadas".
A este risco o BM soma os que poderiam resultar de uma travagem mais acentuada do que o previsto da economia mundial, com impacto negativo nas exportações e investimento, a descida no preço das mercadorias e uma maior volatilidade no sistema financeiro internacional.
O BM prevê, em geral, que o abrandamento no crescimento dos países em desenvolvimento será "mais moderado mas mais prolongado do que nos países desenvolvidos, reflectindo um ajustamento para uma taxa de crescimento mais sustentável".
"Apesar deste ajustamento, as projecções de crescimento dos países em desenvolvimento (6,4 por cento em 2009-2010) está acima da média da primeira metade desta década (5,6 por cento) e muito acima da média dos anos 1980 e 1990 (3,4 por cento), ilustrando a aceleração e o potencial de crescimento."(X)

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