
A confiança do FMI na capacidade de Moçambique cumprir os ODM, que a ONU aponta como o caminho para a redução da pobreza no mundo, através do alargamento de serviços sociais básicos, é parte de uma avaliação daquela organização apresentada em Maputo, com o título "Economias em Período de Pós-Estabilização na África Subsahariana - Lições de Moçambique". No resumo do documento, apresentado por Jean Clément, que chefiou recentemente uma missão do FMI que verificou no terreno as avaliações obtidas por Moçambique na luta contra a pobreza, refere-se que o país está avançado rumo ao alcance daquelas grandes metas. "Moçambique é um dos poucos países Subsaharianos que aparecem bem colocados para alcançar os grandes Objectivos de Desenvolvimento do Milénio fixados pelas Nações Unidas para a redução da taxa da pobreza para metade até ao ano de 2015", disse Clément.
"Moçambique constitui um dos poucos casos de sucesso económico da África Subsaariana. Levou a cabo uma espectacular recuperação dos efeitos devastadores da guerra civil e, com o auxílio de grandes influxos de ajuda sustentada, conseguiu um crescimento económico notável e de ampla base, cada vez mais resistente face aos desastres naturais, bem como uma forte redução da pobreza em moldes equitativos", realçou Jean Clément.
A "espectacular" recuperação da economia moçambicana permitiu que o país apresente agora um dos mais baixos níveis de desigualdade social em África, através da diminuição da pobreza nas zonas rurais, onde vive a maioria da população moçambicana, segundo a avaliação.
Apesar do bom desempenho, Moçambique ainda se debate com uma acentuada prevalência da miséria no campo e o rendimento per capita, bem como os indicadores de desenvolvimento humano, continuam a ser relativamente baixos, afirma o FMI.
Para inverter esse cenário e alcançar efectivamente os ODM, o país deve apostar numa segunda geração de reformas, assentes na "correcção das grandes lacunas em termos de capital humano e de infra-estruturas", lê-se no documento.
Jean Clément salientou ainda a necessidade do aumento da "produtividade total dos factores de produção, especialmente na agricultura, e a promoção dos serviços socais, incluindo a instrução primária", como premissas para o cumprimento dos ODM.
"A consecução dos ODM não relacionados com rendimentos, como sejam a instrução primária para todos, a igualdade entre os sexos, a inversão da incidência da malária e do HIV/SIDA, e o acesso à água potável sem riscos para a saúde exige que Moçambique reforce os serviços básicos sem pôr em causa a estabilidade macroeconómica", enfatizou.
Comentando os resultados da avaliação, o ministro das Finanças moçambicano, Manuel Chang, afirmou que "a análise demonstra que uma dose de reformas estruturais combinada com uma política macroeconómica acertada são essenciais para a redução da pobreza absoluta".
Chang congratulou-se com o facto de a economia moçambicana estar a manter-se firme mesmo numa conjuntura marcada por choques externos, principalmente a alta dos preços de combustíveis e dos cereais no mercado internacional. (X)
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