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terça-feira, 17 de junho de 2008

Walesa é acusado, em livro, de ter sido agente da polícia secreta comunista

VARSÓVIA (AFP) - Dois jovens historiadores poloneses acusam, em um livro prestes a ser lançado, o ex-chefe histórico do sindicato anticomunista Solidaridade, Lech Walesa, de ter sido na juventude um agente da polícia secreta comunista, a SB.

Em trechos do livro publicados nesta terça-feira pelo jornal Rzeczpospolita (de direita), os historiadores Slawomir Cenckiewicz e Piotr Gontarczyk afirmam que, segundo os arquivos da SB, nos anos 1970-1972 Walesa foi informador da polícia, passando dados sobre os operários dos estaleiros de Gdansk, onde trabalhava na época.
As teses do livro, editado pelo Instituto da Memória Nacional (IPN), que instrui os crimes nazistas e comunistas, circulam na Polônia há várias semanas, despertando polêmicas.
O Prêmio Nobel da Paz, agora com 64 anos, rejeita as acusações com firmeza e fala de "documentos falsos".
Absolvido em 2000 pela justiça das acusações de colaboração com a SB, Lech Walesa reconheceu publicamente que assinou "um papel" depois de uma das suas prisões na qualidade de operário opositor ao regime, mas sempre classificou de absurda qualquer suspeita de colaboração com a polícia comunista.
Os autores do livro citam cópias de documentos de colaboração de um agente da SB, activo nos anos 1970 sob o nome em código "Bolek", a quem identificam como Lech Walesa, e afirmam que os originais foram ocultados pelo próprio ex-sindicatilista.
Segundo os historiadores, Walesa tomou emprestado os documentos dos arquivos da SB na época em que era presidente da República, de 1991 a 1995, e jamais devolveu os mesmos.
Os historiadores, de 37 e 38 anos, reproduzem ou citam os documentos dos serviços especiais dos anos 90 (UOP).
Em entrevistas recentes, o actual chefe de Estado Lech Kaczynski atiçou a polêmica ao apoiar as acusações dos dois historiadores, chegando a reprovar Walesa de ter sido "avalista dos interesses do pior sector da nomenclatura comunista", no momento da queda do antigo regime em 1989.
Vários intelectuais e militantes da antiga oposição democrática polaca protestaram, numa carta aberta, contra o que classificam de "campanha denegridora" de um símbolo da luta contra o comunismo.(X)

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