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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Tete: O Kudeca saiu de cena. Actores 5 estrelas sobem ao palco

O emblemático “Cine Esplanada Kudeca”, sala de cinema ao ar livre da cidade de Tete, erguida em meados da década 70, está a ser destruido para, no seu lugar, ser erguido um hotel 5 estrelas, propriedade do Grupo Hotel Vip.

O “Kudeca”, cujas obras de construção iniciaram depois do 25 de Abril de 1974, resultado de uma réplica de um estabelecimento idêntico localizado em Luanda, a capital angolana, foi concluído e inaugurado no dia 25 de Junho de 1975, dia da independência de Moçambique.

Isaías Marrão, um dos sócios-administradores de “Kudeca”, disse que o objectivo para o qual foi erguido foi ofuscado, tal como aconteceu com outras salas de cinema pelo país fora, pela “invasão” e massificação da televisão em Moçambique. As tentativas para contornar o problema, através da exibição de eventos culturais, não conseguiram inverter a fuga de espectadores.

A história do “Kudeca”

“A ideia da construção de Kudeca, não foi minha, mas sim da Moçambique Filmes, pertença de um empresário ligado ao Vaticano e que tinha casas de cinemas em Angola e em Moçambique. Nos meados da década 70 lembrou-se então de fazer em Tete o “Kudeca”, igual a um outro construído na capital angolana. Convidou várias personalidades de Tete incluindo a mim, para idealizar o projecto e foi assim que o construímos, no tempo recorde de cerca de um ano. No dia 25 de Junho de 1975 inauguramos o recinto”, disse Isaías Marrão.

Em 1978, o “Cine Esplanada Kudeca” foi, tal como outras salas de cinema, nacionalizado pelo Governo, o que fez com que a sociedade “Kudeca” quase sumisse, vendendo as suas acções a Marrão.

“Foi assim que o Instituto Nacional de Cinema na altura representando o Governo, enviou dois indivíduos a Tete que chegaram a minha casa e me pediram as chaves do cinema e os entreguei. Foi desta maneira que tomaram conta do cinema. Mas porque a direcção toda do Kudeca ainda se encontrava coesa e constituída por moçambicanos, indagamos pelo procedimento, trocando correspondências com o governo provincial e central numa autentica guerra que levou cerca de 14 anos”, explicou Isaías Marrão, um dos sócios administradores do então “Cine Esplanada Kudeca”.

O que agora deixará de ser “Kudeca” está situado num terreno paisagisticamente privilegiado, donde se pode observar o nascer do sol, reflectido sobre as aguas do rio Zambeze e a Ponte Samora Machel.

As cercas de 720 cadeiras de madeira valiosa foram oferecidas ao Conselho Municipal da Cidade de Tete.

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