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sábado, 24 de janeiro de 2009

Um novo Tio Sam


Sem ter saído do imaginário hollywoodesco nem se limitar ao país que esculpiu quatro rostos de presidentes no monte Rushmore, esta actual obamania, que já deu volta ao globo, só se pode comparar ao universo que criou ícones americanos como Marilyn e Madonna, Sinatra e Elvis, Charlot e Mickey.


E, de súbito, com a força universal da capa de um disco de Dylan ou de Madonna, de um poster de Marilyn ou de James Dean, de uma BD do Batman ou do Charlie Brown, um novo rosto encheu todas as pupilas, da América Central ao Extremo Oriente, do Norte da Europa ao Sul da África, multiplicado em pins de propaganda e moedas comemorativas, como figura de cera nos museus da Madame Tussaud ou modelo do boneco Action-Man. A tão falada obamania parece ter ultrapassado tudo o que antigamente era previsível, com o novo líder americano, antes ainda de prestar juramento, a surgir no planeta como se fosse o sucessor dessa galeria de ícones que os States impuseram ao mundo: John Wayne e Marlon Brando, Muhammad Ali e Michael Jordan, Frank Sinatra e Elvis Presley, Charlie Chaplin e Woody Allen, o rato Mickey e o leão da MGM, a Estátua da Liberdade e a garrafa de Coca-Cola. Mas com a diferença de não se tratar agora de uma imagem saída do imaginário hollywoodesco, da cultura pop, do lado frívolo da vida. Não seria de espantar se o culto se resumisse a uma espécie de aclamação interna num país em que Gutzon Borglum moldou numa montanha do Dakota do Sul, o agora famoso Monte Rushmore, os rostos de Washington, Jef-ferson, Theodore Roosevelt e Lincoln. O que se estranha é que a figura de Barack Obama se tenha espalhado com a força do mítico Tio Sam, esse velho de barba branca, cartola de listas azuis e vermelhas e faixa com estrelas, casaca e calças também com as cores da bandeira The Stars and Stripes. Mas, ao contrário da versão mais celebrizada do Uncle Sam, desenhada por James Flagg em 1917 para o recrut amento de soldados para a Primeira Guerra Mundial, o novo Presidente americano não é representado com cara zangada nem de dedo imperativo em riste. Pelo contrário: tem sempre um sorriso simpático e um aspecto afável. E a dúvida deste tempo é se esta imagem serena se fixará assim no imaginário da História, como as ilustrações de Norman Rockweel, as telas de Edward Hop-per, as serigrafias de Andy Warhol. Ou, pelo contrário, o cartaz de Shepard Fairey dentro em breve terá acrescentado um bigode à Hitler e a efígie de Obama será queimada em manifestações anti--americanas.

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