Emmylou Harris edita 'All I Intended To Be', álbum confessional no qual retoma colaborações com alguns velhos amigos, de Dolly Parton e Vince Gill à dupla Kate e Anna McGarrigle. Aos 61 anos de vida (e 39 de carreira), o disco está a ser aclamado como um dos melhores da sua obra.
Era uma adepta da folk, mas, filha de um militar veterano de guerra e prima de um soldado morto no Vietname, nunca deixou que o discurso político, efervescente em finais de 60, se confundisse com a busca de uma personalidade musical. Em 1971 foi "descoberta" por Gram Parsons, com quem gravou dois discos e descobriu primeiras sugestões menos convencionais para abordar (e transformar) o universo da country, aquela que era então a mais conservadora das expressões da música popular americana. Uma música que acabou por transformar, libertando-a de constrangimentos, abrindo-a ao diálogo com outras e novas referências. Trinta e nove anos depois de gravado um primeiro disco, Emmylou Harris é uma veterana aclamada e admirada. A nomes como os de Johnny Cash, Bob Dylan ou Neil Young juntou, nos últimos tempos, colaborações com os Bright Eyes ou Ryan Adams. Não admira que, ao lançar All I Intended To Be , um dos mais autobiográficos dos seus discos, conquiste aquele patamar de consagração a que só chegam os gigantes da música popular.
A sua obra conheceu curiosa evolução. Começou por procurar o derrubar das barreiras entre os universos da country e da cultura rock'n'roll. Ao assinar versões de figuras como Townes Van Zandt ou Gillian Welsh, mostrou que nem só das mais antigas tradições vivia a country. Plateias mais jovens que o habitual nesses domínios, aderiram ao desafio. E então Emmylou Harris assegurou a estes novos ouvintes um contacto com as fundações do género, aos seus nomes e mitos tradicionais.
Aos 61 anos, mantém intensa actividade. E, cinco anos depois, de Stumble Into Grace, apresenta um disco que fala do tempo perdido, a perda, a morte... e do que se segue.
Em busca de um caminho
Era uma vez uma menina de voz frágil... Podia começar assim mais uma história de uma vida que encontrou sentido na música. De resto, só estudou artes performativas porque os caminhos da folk não eram matéria curricular nos seus dias de estudante. Nascida em 1947 no Alabama, educada numa base militar perto de Washington DC, rumou logo que pode a Nova Iorque. A meta chamava-se Greenwich Village, o bairro boémio que em meados de 60 acolhia poetas, músicos, canções folk e protestos contra a guerra.
De Nova Iorque, "capital" da folk, partiu para Nashville, a cidade da country, na época, géneros musicais filosoficamente quase antagónicos. Foi contudo no regresso "a casa", perto de Washington DC, que encontrou o seu caminho. Estávamos em inícios da década de 70 e Gram Parsons, ex-músico dos Byrds e Flying Burrito Brothers procurava uma voz para o seu primeiro disco a solo.
Ele e Emmylou Harris gravaram dois, a parceria interrompida pouco depois pela morte, por overdose, do músico. Mesmo devastada, Emmylou havia encontrado o caminho. Com Parsons tinha descoberto uma vontade de aprender. E os ensinamentos que colheu foram colocados na construção da sua primeira banda de suporte, com a qual retomou a carreira discográfica a solo. Em 39 anos de vida profissional somou alguns instantes particularmente felizes. No cinema, em The Last Waltz de Scorsese e Heart Of Gold, de Demme. Em disco, cantou com Johhy Cash, Linda Rondstat, Neil Young, Dolly Parton, Beck, Sheryl Crow ou Bright Eyes. All I Intended To Be confirma apenas que está ainda longe de se reformar...
Era uma adepta da folk, mas, filha de um militar veterano de guerra e prima de um soldado morto no Vietname, nunca deixou que o discurso político, efervescente em finais de 60, se confundisse com a busca de uma personalidade musical. Em 1971 foi "descoberta" por Gram Parsons, com quem gravou dois discos e descobriu primeiras sugestões menos convencionais para abordar (e transformar) o universo da country, aquela que era então a mais conservadora das expressões da música popular americana. Uma música que acabou por transformar, libertando-a de constrangimentos, abrindo-a ao diálogo com outras e novas referências. Trinta e nove anos depois de gravado um primeiro disco, Emmylou Harris é uma veterana aclamada e admirada. A nomes como os de Johnny Cash, Bob Dylan ou Neil Young juntou, nos últimos tempos, colaborações com os Bright Eyes ou Ryan Adams. Não admira que, ao lançar All I Intended To Be , um dos mais autobiográficos dos seus discos, conquiste aquele patamar de consagração a que só chegam os gigantes da música popular.
A sua obra conheceu curiosa evolução. Começou por procurar o derrubar das barreiras entre os universos da country e da cultura rock'n'roll. Ao assinar versões de figuras como Townes Van Zandt ou Gillian Welsh, mostrou que nem só das mais antigas tradições vivia a country. Plateias mais jovens que o habitual nesses domínios, aderiram ao desafio. E então Emmylou Harris assegurou a estes novos ouvintes um contacto com as fundações do género, aos seus nomes e mitos tradicionais.
Aos 61 anos, mantém intensa actividade. E, cinco anos depois, de Stumble Into Grace, apresenta um disco que fala do tempo perdido, a perda, a morte... e do que se segue.
Em busca de um caminho
Era uma vez uma menina de voz frágil... Podia começar assim mais uma história de uma vida que encontrou sentido na música. De resto, só estudou artes performativas porque os caminhos da folk não eram matéria curricular nos seus dias de estudante. Nascida em 1947 no Alabama, educada numa base militar perto de Washington DC, rumou logo que pode a Nova Iorque. A meta chamava-se Greenwich Village, o bairro boémio que em meados de 60 acolhia poetas, músicos, canções folk e protestos contra a guerra.
De Nova Iorque, "capital" da folk, partiu para Nashville, a cidade da country, na época, géneros musicais filosoficamente quase antagónicos. Foi contudo no regresso "a casa", perto de Washington DC, que encontrou o seu caminho. Estávamos em inícios da década de 70 e Gram Parsons, ex-músico dos Byrds e Flying Burrito Brothers procurava uma voz para o seu primeiro disco a solo.
Ele e Emmylou Harris gravaram dois, a parceria interrompida pouco depois pela morte, por overdose, do músico. Mesmo devastada, Emmylou havia encontrado o caminho. Com Parsons tinha descoberto uma vontade de aprender. E os ensinamentos que colheu foram colocados na construção da sua primeira banda de suporte, com a qual retomou a carreira discográfica a solo. Em 39 anos de vida profissional somou alguns instantes particularmente felizes. No cinema, em The Last Waltz de Scorsese e Heart Of Gold, de Demme. Em disco, cantou com Johhy Cash, Linda Rondstat, Neil Young, Dolly Parton, Beck, Sheryl Crow ou Bright Eyes. All I Intended To Be confirma apenas que está ainda longe de se reformar...
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