A FORTALEZA de Sena, símbolo da colonização portuguesa durante os 500 anos em Moçambique e dos primeiros comerciantes árabes na troca de missangas e ouro, gradualmente, está a reconquistar o seu espaço de preservação do legado histórico- cultural, no distrito de Caia, em Sofala.
Segundo as escrituras, nela ainda estampada “No reinado do Rei D.Carlos I, sendo Governador Geral da província de Moçambique, João António D Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira, e governador do território de Manica e Sofala, Alberto Celestino Pinto Bastos, mandou a Companhia de Moçambique reconstruir este padrão no anno de 1906”.
Durante os anos do ultimo conflito armado no país, aquele lugar ficou completamente abandonado, com indivíduos desconhecidos a retirar a seu bel-prazer as munições que delas hoje apenas restam sucatas de canhões que enfrentaram a luta de resistência por guerrilheiros de Gungunhana, então comandados na zona por então temido Macombe.
Lavo Mariano, ancião de 92 anos de idade, que se afirma como fonte credível oral e actual responsável pela manutenção da fortaleza de Sena, logo que se apercebeu da chegada da nossa equipa de Reportagem naquela fortaleza mostrou-se disponível a relatar o episódio da dominação portuguesa relacionada com aquele lugar.
Primeiro, convidou-nos a uma oração para rogar os espíritos dos nossos antepassados, mesmo ao lado das campas, e apontou algumas ruínas do palácio do governador geral da então província de Moçambique, Azevedo Coutinho, incluindo do primeiro antigo bispo deste território.
Aparentemente frustrado pelo autêntico abandono daquele “arquivo histórico” durante a guerra, a fonte renova alguma esperança na manutenção daquele lugar como forma de manter o eco das relações de dominação e resistência dos moçambicanos contra a colónia portuguesa.
Por isso, em coordenação com as autoridades administrativas de Sena, as comunidades circunvizinhas foram proibidas de realizarem cerimónias fúnebres naquela área banida, tendo sido identificados outros locais para o efeito, uma vez que aquele passa a ser protegido.
Jazem, entre outros no local, os restos mortais dos primeiros colonizadores portugueses e árabes tombados neste solo pátrio.
A fonte recorda com muita amargura que Sena foi a primeira capital económica de Moçambique ao ponto de receber a primeira visita do papa João I, em 1940, numa altura que a zona contava, em 1920, com apenas 50 portugueses e 800 nativos cujo número disparou actualmente para 36.134 habitantes.
Antigamente, prossegue Lavo Mariano, a zona que ostenta a fortaleza de Sena chamava-se Separado, sendo exclusivamente reservada aos colonos, árabes e gente civilizada.
MITOS
Nascido em 1916, o interlocutor afirma que antes da colonização, a Fortaleza de Sena contava apenas com dois pigmeus, que falavam todas as línguas do mundo, e que depois, em 1950, abandonaram misteriosamente a área, sendo actualmente substituídos por abelhas mágicas.
O mesmo ancião conta ainda que a apelidada pedra divina sofreu escavações na era colonial durante 21 dias consecutivos, sob pretexto da sua evacuação para Portugal, mas debalde. E misteriosamente soterrada e também sem sucesso, cinco anos depois os portugueses voltaram à carga num trabalho que durou 22 dias e com o mesmo resultado negativo. Gorada a intenção em 1906, eis que concluíram que, de facto, a pedra era verdadeiramente divina.
Sem menosprezar a sua narração, Lavo afirmou que as figuras ainda patentes na fortaleza representam duas estrelas e uma bengala que serviam de guia de Jesus Cristo que, na altura, brilhavam na calada da noite.
Só para ilustrar a sua longevidade e conhecedor deste episódio, o ancião chegou a exibir à nossa Reportagem as primeiras notas e moedas coloniais em Moçambique como 20 euros de 1892, 100 escudos de 1961, para além 50 escudos de 1970.
Hoje, diz ter todo o orgulho por transmitir este legado que, segundo ele, começa a interessar alguns académicos que frequentemente escalam a região.
Lavo Mariamo, uma autêntica "biblioteca viva"
MANUTENÇÃO DA FORTALEZA
A vila de Sena, que completou em Maio passado 247 anos de elevação ao estatuto daquela categoria, tem como referência obrigatória a sua fortaleza. Assim, a comunidade e as autoridades equacionam a possibilidade de realizar as actividades de limpeza, arborização e vedação daquele local histórico e cultural.Osório Sozinho Alfredo, chefe do posto administrativo de Sena, disse estarem a decorrer a preparação de uma documentação escrita relativa à fortaleza. O processo de arborização visa transformar a área em zona de lazer para acolhimento condigno aos turistas e pesquisadores do nosso rico mosaico histórico e cultural.
Agentes económicos respondem positivamente à iniciativa na fixação de bancos no local.
A ideia será extensiva a outros lugares históricos como “Massacre de Sena” e a antiga base da Frelimo em Licoma.
Segundo as escrituras, nela ainda estampada “No reinado do Rei D.Carlos I, sendo Governador Geral da província de Moçambique, João António D Azevedo Coutinho Fragoso de Sequeira, e governador do território de Manica e Sofala, Alberto Celestino Pinto Bastos, mandou a Companhia de Moçambique reconstruir este padrão no anno de 1906”.
Durante os anos do ultimo conflito armado no país, aquele lugar ficou completamente abandonado, com indivíduos desconhecidos a retirar a seu bel-prazer as munições que delas hoje apenas restam sucatas de canhões que enfrentaram a luta de resistência por guerrilheiros de Gungunhana, então comandados na zona por então temido Macombe.
Lavo Mariano, ancião de 92 anos de idade, que se afirma como fonte credível oral e actual responsável pela manutenção da fortaleza de Sena, logo que se apercebeu da chegada da nossa equipa de Reportagem naquela fortaleza mostrou-se disponível a relatar o episódio da dominação portuguesa relacionada com aquele lugar.
Primeiro, convidou-nos a uma oração para rogar os espíritos dos nossos antepassados, mesmo ao lado das campas, e apontou algumas ruínas do palácio do governador geral da então província de Moçambique, Azevedo Coutinho, incluindo do primeiro antigo bispo deste território.
Aparentemente frustrado pelo autêntico abandono daquele “arquivo histórico” durante a guerra, a fonte renova alguma esperança na manutenção daquele lugar como forma de manter o eco das relações de dominação e resistência dos moçambicanos contra a colónia portuguesa.
Por isso, em coordenação com as autoridades administrativas de Sena, as comunidades circunvizinhas foram proibidas de realizarem cerimónias fúnebres naquela área banida, tendo sido identificados outros locais para o efeito, uma vez que aquele passa a ser protegido.
Jazem, entre outros no local, os restos mortais dos primeiros colonizadores portugueses e árabes tombados neste solo pátrio.
A fonte recorda com muita amargura que Sena foi a primeira capital económica de Moçambique ao ponto de receber a primeira visita do papa João I, em 1940, numa altura que a zona contava, em 1920, com apenas 50 portugueses e 800 nativos cujo número disparou actualmente para 36.134 habitantes.
Antigamente, prossegue Lavo Mariano, a zona que ostenta a fortaleza de Sena chamava-se Separado, sendo exclusivamente reservada aos colonos, árabes e gente civilizada.
MITOS
Nascido em 1916, o interlocutor afirma que antes da colonização, a Fortaleza de Sena contava apenas com dois pigmeus, que falavam todas as línguas do mundo, e que depois, em 1950, abandonaram misteriosamente a área, sendo actualmente substituídos por abelhas mágicas.
O mesmo ancião conta ainda que a apelidada pedra divina sofreu escavações na era colonial durante 21 dias consecutivos, sob pretexto da sua evacuação para Portugal, mas debalde. E misteriosamente soterrada e também sem sucesso, cinco anos depois os portugueses voltaram à carga num trabalho que durou 22 dias e com o mesmo resultado negativo. Gorada a intenção em 1906, eis que concluíram que, de facto, a pedra era verdadeiramente divina.
Sem menosprezar a sua narração, Lavo afirmou que as figuras ainda patentes na fortaleza representam duas estrelas e uma bengala que serviam de guia de Jesus Cristo que, na altura, brilhavam na calada da noite.
Só para ilustrar a sua longevidade e conhecedor deste episódio, o ancião chegou a exibir à nossa Reportagem as primeiras notas e moedas coloniais em Moçambique como 20 euros de 1892, 100 escudos de 1961, para além 50 escudos de 1970.
Hoje, diz ter todo o orgulho por transmitir este legado que, segundo ele, começa a interessar alguns académicos que frequentemente escalam a região.
Lavo Mariamo, uma autêntica "biblioteca viva"
MANUTENÇÃO DA FORTALEZA
A vila de Sena, que completou em Maio passado 247 anos de elevação ao estatuto daquela categoria, tem como referência obrigatória a sua fortaleza. Assim, a comunidade e as autoridades equacionam a possibilidade de realizar as actividades de limpeza, arborização e vedação daquele local histórico e cultural.Osório Sozinho Alfredo, chefe do posto administrativo de Sena, disse estarem a decorrer a preparação de uma documentação escrita relativa à fortaleza. O processo de arborização visa transformar a área em zona de lazer para acolhimento condigno aos turistas e pesquisadores do nosso rico mosaico histórico e cultural.
Agentes económicos respondem positivamente à iniciativa na fixação de bancos no local.
A ideia será extensiva a outros lugares históricos como “Massacre de Sena” e a antiga base da Frelimo em Licoma.
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