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sexta-feira, 4 de julho de 2008

Como quem continua a quer "Djavanear" o que há de bom

Não parece, mas já leva 59 anos.
Metade desse tempo, Djavan Caetano Viana gastou-o a gravar discos - 23 até agora, entre inéditos e colectâneas - e a escrever um capítulo próprio no luxuoso cancioneiro da música popular brasileira. Matizes, editado em 2007 - o terceiro álbum com chancela da editora Luanda, que ele próprio criou em 2004 - é apenas o ponto de partida para dois concertos em que o músico promete "djavanear" pelos momentos essenciais das últimas três décadas.
Esta noite, 22.00, Coliseu de Lisboa; e domingo, mesma hora, Coliseu do Porto.
"Hoje é tudo muito segmentado, mas eu sou de uma geração que ouvia de tudo", explicava Djavan ao DN em 2004, para justificar o ecletismo que atravessava as composições de Vaidade, o álbum que editou nesse ano e que justificou os últimos concertos em Portugal. Um argumento que, em boa verdade, serve toda uma carreira e novamente a Matizes, o disco que quase quatro anos volvidos o o traz de regresso. Matizes é puro Djavan, uma colecção de doze inéditos errantes por territórios de samba, blues, pop, funk, jazz e o que mais se quiser por ali ouvir. Sem fronteiras definidas, sem pudores estéticos, como toda a música do alagoano.
É este o ponto de partida para um espectáculo que, a fazer fé na cartilha que Djavan tem vindo a seguir nesta digressão que começou no Brasil e já atravessou os Estados Unidos, deverá estender-se por cerca de hora e meia, dividido entre sete temas novos e a viagem de memórias resgatadas à discografia antiga. Em palc , o brasileiro terá a companhia de um septeto que inclui os filhos Max (guitarra)e João Viana (bateria), mais Renato Fonseca (teclados), Sergio Carvalho (baixo), Josué Lopez (saxofone), François Lima (trombone) e Walmir Gil (trompete).
Por regra, a viagem de Djavan recua até 1982, ano em que lançou Luz, álbum gravado em Los Angeles com um punhado de ilustres convidados - entre os quais Stevie Wonder - e alavancou para além-fronteiras a carreira que começou a trilhar em 1973 no Brasil. Nesse disco incluía Sina, tema que homenageia Caetano Veloso com o verso "Como querer caetanear o que há de bom". A homenagem foi retribuída. No mesmo ano, Caetano registou a canção no seu Cores e Nomes, trocando o verbo e cantando "Como querer djavanear o que há de bom". Era de certa forma o reconhecimento da magna geração precedente - Chico, Caetano, Gil, Milton, todos uma meia dúzia de anos mais velhos - pela música deste alagoano, nascido há 59 anos numa família pobre de Maceió, que desde cedo marcou a diferença com as suas melodias estranhas, mas que não desgrudam do ouvido.
São seus temas incontornáveis como Oceano, Flor de Lis, Lilás ou Alibi, a maior parte dos quais reunidos em Djavan ao Vivo, a colectânea de 1999 que relançou a sua carreira com 700 mil cópias vendidas só no Brasil. E todos eles constam da ementa destas duas noites.(X)

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