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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Uma eleição histórica e que traz esperança

A crise internacional será o grande desafio a enfrentar de imediato por Barack Obama, o primeiro negro a ser eleito Presidente dos Estados Unidos. E cujo triunfo foi recebido um pouco por todo o mundo com palavras como "mudança", "histórico" e "esperança".
As reacções à clara vitória sobre John McCain foram entusiasmadas, tanto nos Estados Unidos, onde a mobilização eleitoral foi surpreendente, como no exterior, sobretudo entre os aliados europeus. Mas também por parte de países como Cuba ou Irão, que surgem na lista dos tradicionais inimigos dos americanos.
E o discurso de vitória, celebrado em Chicago perante centenas de milhares de apoiantes entusiasmados, correspondeu às expectativas. Não só pelo tom, cativante como sempre, mas sobretudo pelo conteúdo: Obama prometeu relançar a economia, combater a crise financeira, retirar as tropas responsavelmente do Iraque e investir o potencial militar dos Estados Unidos na luta à Al-Qaeda e aos seus aliados talibãs no Afeganistão.
Foi um discurso de mudança, cheio de sentido histórico e com uma mensagem de esperança, a reflectir a forma como foi acolhido pelo mundo. Depois de uma era Bush marcada pelo unilateralismo - em que a invasão do Iraque sem o aval da ONU foi a marca mais visível - Obama promete agora uma América dialogante, capaz, porém, de se mostrar forte também quando for preciso.
O derrotado McCain, candidato republicano, reconheceu a derrota sem demoras e amargura, ao contrário do que sucedeu há oito e há quatro anos por parte dos democratas. E prometeu colaboração com o adversário, apesar da diferença de opiniões que se revelou durante a campanha.
Mesmo George W. Bush, que termina sem glória uma passagem pela Casa Branca que também começou de forma cinzenta (com a polémica vitória de 2000 sobre Al Gore na Florida, que teve mais votos populares a nível nacional), prepara-se para apoiar o seu jovem sucessor neste momento delicado de transição que se arrastará até à tomada de posse a 20 de Janeiro, em Washington.
Da América e destas eleições sai ainda uma tremenda mensagem. O racismo que era desmentido há décadas pelos inquéritos sociológicos, mas que subsistia nas diferenças sociais e económicas, foi agora derrotado sem hesitações nas urnas.
Os americanos - que, apesar de Thomas Jefferson ter proclamado que todos os homens nasceram iguais, tardaram um século a abolir a escravatura e outro a reconhecer direitos cívicos aos negros - mostraram na terça-feira serem capazes de ter heróis negros. Já não um basquetebolista , um cantor ou uma apresentadora de televisão, mas um político. Isso é um passo gigantesco.
Sobretudo, porque o futuro inquilino da Casa Branca se chama Barack Hussein Obama e é filho de um imigrante do Quénia e de uma branca do Kansas. Um homem do mundo.

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