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sábado, 18 de outubro de 2008

Pemba: nove anos de uma ausencia torturante

Os ponteiros do relógio marcavam exactamente as 4 horas da madruagada do dia 17 quando “violamos” os portões da cidade de Pemba, terminando assim uma viagem – excursão, para certo mais exacto – iniciada em Maputo no dia 15, quarta-feira.

Feitas as contas, a nossa pequena/grande odisseia durou 50 horas, percorreu mais ou menos 2.500 kilometros, atravessou as províncias de Gaza e Inhambane, no sul, Sofala e Zambézia no centro e Nampula, no norte, entrando depois, pelo distrito de Chiúre, na província de Cabo Delgado.

Foi uma viagem que aconteceu praticamente sem sobressaltos, que permitiu aos excursionistas (pouco mais de cinquenta) conhecerem melhor o país profundo, vendo, avaliando e analisando o que, muitos deles, só através dos meios de comunicação social, tinham ouvido falar.

Impressionou a todos o esforço que está a ser dispendido numa mais praticável e moderna ligação rodoviária entre o sul, cento e norte do país, com a edificação da ponte sobre o Zambeze a pontificar uns furos mais acima que outros projectos; a disseminação por todo o lado de infra-estruturas escolares e sanitárias; o desabrochar intenso do turismo para todos os bolsos. Mas o que mais me marcou terá sido a tranquilidade e o ambiente de paz sob o qual decorre o movimento de pessoas e seus pertences.

O percurso rodoviário na Estrada Nacional UM pode – e certamente que irá – durar muito menos tempo do que aquele que dispendemos. Tal ainda não é possível porque, à par de longos troços que se lhes pode tirar o chapéu, outros há – poucos – que se apresentam problemáticos: refiro-me aos trajectos Massinga/Pambarra em Inhambane e Mocuba/Alto Molocué na Zambézia. Consola o facto de estarem a ser submetidos a obras de construção de raiz ou reabilitação.

Ao fim e ao cabo, para exursionistas como nós, alguns dos quais (eu) não tão jovens como isso, fez bem ouvir e sentir o chocalhar dos ossos. Afinal são os tais ossos do ofício.

Nove anos depois da minha última estada, entro em Pemba e apanho de imediato o primeiro embate “assustador”: o silêncio, a tranqulidade, a paz de espírito que as gentes desta cidade experimentam e respiram. Tomara, para um residente no grande rebuliço, confuso e desnorteado Maputo, a terceira maior baía do Mundo e uma das trinta mais belas à escala planetária, é simplesmente uma espécie de Éden.

Um Éden do qual vou desfrutar até dizer basta nos longos dias da minha estada, aproveitando da melhor forma as festividades dos 50 anos da elevação de Pemba à categoria de cidade.

Minutos após a nossa instalação numa unidade hoteleira local, recebi no meu telemóvel uma SMS recordando-me uma bonita canção interpretada pela cantora brasileira Maria Bethânia que diz mais ou menis assim: “Foram me avisar para pisar este chão devagarinho”. Que é como quem diz “em Pemba não há maçãs, mas existe muita, mas muita maçanica saborosa”. Ayuwéééé.

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