"Ao meu amigo Fernando Azevedo..." este o teor de uma pequena dedicatória escrita na capa do disco "Negra" de 1988 do músico beirense, Carlos Beirão, já falecido.
Fernando Azevedo, para além de amigo de Beirão, era o responsável pelos serviços de captação e gravação de música da Rádio Moçambique, chefiando uma equipa de técnicos de peso, nomeadamente Roberto Aúze, Albino Caetano, José Barata e António Francisco Cuna, este último já falecido.
Barata, também ele músico, responsabilizou-se pela captação e mixagem da "Negra", sendo que a nota explicativa foi elaborada por João de Sousa e Alípio Cruz, músico moçambicano radicado há anos em Portugal, colaborou para que a obra de Beirão viesse à luz do dia.
As imagens deste disco em vinil foram por mim registadas na Discoteca da Rádio Moçambique quando, por mero acaso, enxerguei a obra num amontoado de discos que, pelo que deduzi, não estavam a merecer a necessária atenção para conservação.
Felizmente existe já várias cópias digitalizadas da "Negra" de Carlos Beirão, o que, mesmo assim, não pode constituir motivo para se descuidar de uma relíquia de um músico como Beirão. Carlos Beirão que, como muito bem sabem os residentes da Beira e seus amigos pelo país inteiro, era uma "espécie em vias de extinção", sempre pronto para ajudar quem quer que seja, envolvido em tudo quanto fosse manifestação cultural, desportiva e social.
Pelo que me toca, beirense Beirão apadrinhou o casamento do meu amigo beirense Tony Ferreira e a minha amiga e cunhada, Beatriz Miguel, também ela beirense de gema. À Betty fiz questão de oferecer uma cópia da "Negra" quando ela esteve em Maputo em gozo de férias, estando a residir na fria Londres.
Beirão era um "Bon Vivant", farrista inveterado e apreciador da culinária moçambicana, com destaque para a zambeziana.
Por alguns dos títulos da obra, única, pode-se aferir um pouco da personalidade de Carlos Beirão.
Em memória de Carlos Beirão vai um cálice da bem nossa "Catcholima" de primeiríssima.
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