RÁDIO MOÇAMBIQUE

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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Namaacha: Uma infância marcada pela escassez de agua




Texto/Fotos: Edmundo Galiza Matos
Recordo-me que, ainda petiz, o acarretamento da agua num riacho na aldeia dos meus avôs no interior da província de Inhambane, constituir uma actividade não só necessária, como também de pretexo para as nossas brincadeiras. Socorriamo-nos então de um imponente burro para puxar rio acima o barril de madeira de pinho cheio do precioso líquido até uma cisterna na pequena casa de alvenaria onde viviamos.
Ao fim de umas tantas carradas, decliciavamo-nos com o mergulhar na agua fresca e cristalina do riacho, enquanto as nossas modestas roupas estendidas no capim ou nos arbustos secavam.
Portanto, a agua nunca foi um problema para a comunidade onde viviamos e penso que o mesmo se passava um pouco por este país fora.
Hoje, por motivos bastante conhecidos – mudanças climáticas devido à emissão de gases que danificam o efeito estufa – Moçambique vive o drama de ter agua em demasia em determinadas regiões e escassa em outras.
O sul do país, mais precisamente a província de Maputo, debate-se com esta realidade: um petiz que vai crescer com a triste realidade de ter que testemunhar o esforço da mãe para ter alguns litros de agua para as necessidades do dia a dia. A imagem acima é disso ilustrativa.
Pode-se divisar o esforço desta mulher a tirar do poço a agua a partir de uma lata presa a uma corda e o que foi outrora uma bomba manual para a sucção do líquido, artefacto agora sem outra serventia do que um improvisado encosto ao filho sonolento debaixo do sol abrasador nas imediações da Igreja Católica da Namaacha.
Esclareça-se que a bomba manual nem sequer está avariada. Acontece que a agua está a um nível bastante profundo porque o lençol freático reduziu devido a anos de falta de chuva para a necessária reposição.
Como esta, muitas outras imagens podem ser colhidas um pouco por toda aquela vila fronteiriça.

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