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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

N’UM VAL’PENA! - Clips, ou a coisificação e massinguitização da mulher?

Leonel Magaia, que presumo não conhecer pessoalmente a não ser pelos seus escritos no jornal "Notícias" de Maputo, tem elaborado e publicado algumas das suas ideias (e até conceitos) sobre a qualidade da música moçambicana (ou do que se chama música moçambicana), muitas das quais não só me são familiares como com elas me identifico.
Na edição de ontem do principal matutino de Moçambique, Leonel Magaia, na página de "Opinião" tem um artigo sobre o assunto com o título acima estampado.
Um artigo de opinião de certa forma extenso e do qual extrai alguns excertos que, com a devida vénia, publico neste blog.

"Interessa-me falar sobre os video-clip das músicas (e até podia ser sobre algumas promoções publicitárias) que passam nas nossas televisões.
Acho extremamente violento o que nos apresentam como sugestão para o lazer. O que mais intriga é que a mulher virou símbolo de degradação moral e social. Ou seja, se quiseres fazer um clip não te esqueças de usar (o termo é mesmo esse, sem aspas, usar) a mulher. E quanto menores trajes tiver melhor. Ela deverá servilmente bambolear-se e mostrar provocantemente as suas partes pudendas. Não interessa se a letra ou tema nos indica tratar-se de música religiosa, triste, alegre, o que quer que seja. A mulher (semi)nua está lá, escrava e comercialmente usada. Em poses de strip tease naturalmente obscenos e de um profundo desrespeito. Ficámos constrangidos quando, em momento de lazer e em família, nos queremos deliciar e aprender do que a televisão tem para nos mostrar. Os putos arregalam os olhos e babam diante de tamanha e inusitada desnudez e, sobretudo, pelo despropositado menear e remexer dos bumbus d´as menina bonita, khoma lá! E depois fazem perguntas embaraçadoras. Resultado: o pai assobia para o lado, tipo não está a perceber nada, a mãe desaparece para a cozinha, os irmãos mais velhos sorriem matreiros e malandros ante a vergonha dos pais.
Ninguém se recorda que o consumidor e contribuinte tem também os seu direitos. Ninguém se recorda que a intromissão arbitrária na vida privada do cidadão, da sua família, do seu domicílio, os ataques à sua honra e reputação, ainda que sejam por via da televisão, pressupõem crime. Ou alguém duvida que aquelas imagens, que chocam com a nossa honestidade intelectual, são a marca evidente de atropelos a alguns dos direitos fundamentais do Homem e que são um caso de agressão psicológica? E todos nós sabemos que a agressão psicológica consegue ser mais violenta e dolorosa que a física. Aliás, contra tais agressões toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Onde estão então as leis de defesa do consumidor?

Onde está a função social e educativa desses pseudo vídeo-clips?"

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