
Na edição de ontem do principal matutino de Moçambique, Leonel Magaia, na página de "Opinião" tem um artigo sobre o assunto com o título acima estampado.
Um artigo de opinião de certa forma extenso e do qual extrai alguns excertos que, com a devida vénia, publico neste blog.
"Interessa-me falar sobre os video-clip das músicas (e até podia ser sobre algumas promoções publicitárias) que passam nas nossas televisões.
Acho extremamente violento o que nos apresentam como sugestão para o lazer. O que mais intriga é que a mulher virou símbolo de degradação moral e social. Ou seja, se quiseres fazer um clip não te esqueças de usar (o termo é mesmo esse, sem aspas, usar) a mulher. E quanto menores trajes tiver melhor. Ela deverá servilmente bambolear-se e mostrar provocantemente as suas partes pudendas. Não interessa se a letra ou tema nos indica tratar-se de música religiosa, triste, alegre, o que quer que seja. A mulher (semi)nua está lá, escrava e comercialmente usada. Em poses de strip tease naturalmente obscenos e de um profundo desrespeito. Ficámos constrangidos quando, em momento de lazer e em família, nos queremos deliciar e aprender do que a televisão tem para nos mostrar. Os putos arregalam os olhos e babam diante de tamanha e inusitada desnudez e, sobretudo, pelo despropositado menear e remexer dos bumbus d´as menina bonita, khoma lá! E depois fazem perguntas embaraçadoras. Resultado: o pai assobia para o lado, tipo não está a perceber nada, a mãe desaparece para a cozinha, os irmãos mais velhos sorriem matreiros e malandros ante a vergonha dos pais.
Ninguém se recorda que o consumidor e contribuinte tem também os seu direitos. Ninguém se recorda que a intromissão arbitrária na vida privada do cidadão, da sua família, do seu domicílio, os ataques à sua honra e reputação, ainda que sejam por via da televisão, pressupõem crime. Ou alguém duvida que aquelas imagens, que chocam com a nossa honestidade intelectual, são a marca evidente de atropelos a alguns dos direitos fundamentais do Homem e que são um caso de agressão psicológica? E todos nós sabemos que a agressão psicológica consegue ser mais violenta e dolorosa que a física. Aliás, contra tais agressões toda a pessoa tem direito a protecção da lei.
Onde estão então as leis de defesa do consumidor?
Onde está a função social e educativa desses pseudo vídeo-clips?"
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