
"Caymmi pode ser considerado um orixá, deixou muita sabedoria", disse o compositor João Bosco, um dos músicos presentes ao enterro, ao lado de Gilberto Gil, Ronaldo Bastos, Jards Macalé, Marcos Valle, Jorge Mautner e Fagner. "Acho que ninguém cantará a Bahia tão bem quanto Dorival. Ele a cantou com maestria na sua essência", comentou Gil, ex-ministro da Cultura. Caymmi foi enterrado num local próximo ao jazigo de Carmem Miranda, que tornou famosa a sua canção “O que que a baiana tem?”
Caymmi morreu no sábado, 16, aos 94 anos, na sua casa, em consequência de complicações de um cancro renal descoberto em 1999. Nesse mesmo ano, foi-lhe retiradoum rim.
No enterro, a cantora Nana Caymmi, filha, chorou e depois cantou baixinho, do alto da escadaria, a música Adeus, que Dorival compôs quando tinha 18 anos.
Caymmi foi o precursor de uma integração das culturas da Bahia e do Rio, de artistas baianos que escolheram o Rio para morar, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e João Gilberto.
O filho mais velho de Dorival, Dori Caymmi, exaltou o pai como "um dos melhores brasileiros" que conheceu. Declarou-se "completamente arrasado".
"Ter sido educado por essa coisa tão despojada de ambição, tão cheia de amor, tão mulherengo, tão criativo, tão acreditando que este país é o país, sem até tempo para se decepcionar com as grandes falcatruas que acontecem... Ter sido educado por este homem me fez tão bem, me faz tão mal", disse Dori. "Mas eu dentro da minha incapacidade de ser tão grande, queria que ele me levasse em vez de eu levar ele", afirmou. Para Dori, "este País não podia perder Caymmi, Jorge Amado, Ary Barroso, Guimarães Rosa".
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