Não sou muito dado aos prazeres da gastronomia ao ponto de reservar um fim de semana para, de avental, bermudas e t-shirts, me aventurar a confeccionar iguarias à minha “manera”.
Quando muito atiro-me com algum prazer a qualquer coisa que se me deparar à mesa, de preferência verduras do tipo caril de couve (makhofo) ou mathapa com camarão, seco ou fesco, tanto faz. E com piri-piri “sacana”, ressalvo.
No último fim de semana (9/10) a rotina foi quebrada. Meio quebrada para ser mais exacto, porque decidi trocar um bom livro e boa música por empreender uma incursão pelo mundo dos tachos e cheiros afins. E não me saí nada mal como, aliás, o viria a comprovar quando, já de papo cheio e a passar por uma merecida sesta a meio da tarde, “viajei” por mundos estranhos, mas mesmo assim interessantes. A modos que, passei um “Fim de Semana Alucinante”.
A vontade súbita de vestir o avental e incomodar a eterna cozinheira lá do “Sítio” foi movida pelas primeiras imagens que se depararam após pular do catre: um piripireiro todo vermelho a servir de pasto à passarada, os canteiros de alho a suplicar que os colhesse e uma garrafa de aguardente de cajú (Makwen Mwalo) na prateleira. Da cozinha sentia-se o cheiro de codernizes estofadas já prontos para uma boa garfada.
O cenário era por demais convidativo para fazer algo de diferente: do arbusto colhi uma boa fornada do “sacana” e da terra molhada arranquei dois ou trés pés de alho e dos ramos secos do loureiro parti algumas folhas. Trés ingredientes do meu chão que tive o prazer de os transformar, daí a instantes, numa massa pastosa à custa de umas batidas no pilãozinho de pau-preto comprado há vários anos a um escultor maconde.
Evidentemente que aquela “polpa” não era de modo algum para mascar. Destinava-se sim a servir de “abre-apetite” a quem, como eu, não é dado muito aos prazeres da gastronomia. A “polpa”, algo entre o vermelho e o castanho, foi parar no interior do que foi um dia o frasco de café colombiano. Saiu então um piri-piri “filho da p...” embebido em vinagre caseiro e o “Makwen Mwalo” de cajú.
Perguntar-me-ão como é que aquela mistela não explodiu. Não sei dizer mas de uma coisa estou certo: estava “maningue naisse”, facto aliás comprovado pelo Nuno, um puto de sete anos, que não tirava os olhos gulosos do frasco e que só não meteu lá a sua colheirada porque a mãe estava mas é de olho no petiz.
Já bem aviado e em plena soneca, a “viajem” tem início, desembocando daí a instantes num emaranhado de alucinações nunca antes experimentadas.
Vi-me derrepente numa aldeia da longíqua Memba onde um velho camponês me vende um garrafão de cinco litros de Makwen Mwalo acabado de desenterrar a um metro do chão, após ter lá permanecido cinco logos anos para apurar o teor do alcool e eliminar o cheiro a cajú.
Já em Maputo e em plena 25 de Setembro, vejo o Ricardo Rangel a atrapalhar o intenso trânsito, dançando nu ao som de John Coltrane e a gritar: “O fusion de Jimmy Dludlu não é jazz, meus senhores”.
O leitor quer passar pela experiência? Nada mais fácil. A receita está aí.
Mas atenção que a “paulada” varia de pessoa para pessoa. Por exemplo: ao defunto Niquinha podia dar-se-lhe a andar de facão em punho a esquartejar todo o ser vivente que se lhe atravessasse o caminho e aí, então, teriamos toda a malta a gritar: Makwen Mwalo, o que é macua, significa “arranquem-lhe a faca”.
A vontade súbita de vestir o avental e incomodar a eterna cozinheira lá do “Sítio” foi movida pelas primeiras imagens que se depararam após pular do catre: um piripireiro todo vermelho a servir de pasto à passarada, os canteiros de alho a suplicar que os colhesse e uma garrafa de aguardente de cajú (Makwen Mwalo) na prateleira. Da cozinha sentia-se o cheiro de codernizes estofadas já prontos para uma boa garfada.
O cenário era por demais convidativo para fazer algo de diferente: do arbusto colhi uma boa fornada do “sacana” e da terra molhada arranquei dois ou trés pés de alho e dos ramos secos do loureiro parti algumas folhas. Trés ingredientes do meu chão que tive o prazer de os transformar, daí a instantes, numa massa pastosa à custa de umas batidas no pilãozinho de pau-preto comprado há vários anos a um escultor maconde.
Evidentemente que aquela “polpa” não era de modo algum para mascar. Destinava-se sim a servir de “abre-apetite” a quem, como eu, não é dado muito aos prazeres da gastronomia. A “polpa”, algo entre o vermelho e o castanho, foi parar no interior do que foi um dia o frasco de café colombiano. Saiu então um piri-piri “filho da p...” embebido em vinagre caseiro e o “Makwen Mwalo” de cajú.
Perguntar-me-ão como é que aquela mistela não explodiu. Não sei dizer mas de uma coisa estou certo: estava “maningue naisse”, facto aliás comprovado pelo Nuno, um puto de sete anos, que não tirava os olhos gulosos do frasco e que só não meteu lá a sua colheirada porque a mãe estava mas é de olho no petiz.
Já bem aviado e em plena soneca, a “viajem” tem início, desembocando daí a instantes num emaranhado de alucinações nunca antes experimentadas.
Vi-me derrepente numa aldeia da longíqua Memba onde um velho camponês me vende um garrafão de cinco litros de Makwen Mwalo acabado de desenterrar a um metro do chão, após ter lá permanecido cinco logos anos para apurar o teor do alcool e eliminar o cheiro a cajú.
Já em Maputo e em plena 25 de Setembro, vejo o Ricardo Rangel a atrapalhar o intenso trânsito, dançando nu ao som de John Coltrane e a gritar: “O fusion de Jimmy Dludlu não é jazz, meus senhores”.
O leitor quer passar pela experiência? Nada mais fácil. A receita está aí.
Mas atenção que a “paulada” varia de pessoa para pessoa. Por exemplo: ao defunto Niquinha podia dar-se-lhe a andar de facão em punho a esquartejar todo o ser vivente que se lhe atravessasse o caminho e aí, então, teriamos toda a malta a gritar: Makwen Mwalo, o que é macua, significa “arranquem-lhe a faca”.
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